Uma autocrítica à classe burguesa
PublishNews, Redação, 13/07/2022
Em livro publicado pela Àyiné, o escritor italiano Raffaele Alberto Ventura formula uma autocrítica impiedosa dessa classe social e desmonta o papel das instituições laicas

O que acontece se toda uma geração, nascida burguesa e criada na convicção de poder melhorar ou, na pior das hipóteses, de manter a própria posição na pirâmide social, de repente descobre que as vagas de trabalho são limitadas, que o que considerava direitos são, na realidade, privilégios, e que nem empenho e talento serão suficientes para defender essa posição do terrível espectro do “desclassamento”? O que acontece quando a classe adequada se descobre inadequada? A resposta aparece todos os dias: um exército de pessoas entre 20 e 40 anos, decididas a postergar a idade adulta colecionando títulos de estudo e trabalhos temporários à espera de que as promessas sejam finalmente realizadas, vítimas de uma estranha “disforia de classe” que as leva a viver acima do que permite seus recursos. Num percurso que vai de Goldoni a Marx, de Keynes a Kafka, lendo a economia como se fosse literatura e a literatura como se fosse economia, Raffaele Alberto Ventura formula na obra Teoria da classe inadequada (Âyiné, 276 pp, R$ 79,90 – Trad.: Vinicius Nicastro Honesko) uma autocrítica impiedosa dessa classe social, “demasiado rica para renunciar às próprias aspirações, mas muito pobre para realizá-las”. E, sobretudo, desmonta o papel das instituições laicas que continuam sendo veneradas: a escola, a universidade, a indústria cultural e o social web.

[13/07/2022 07:00:00]