Mais identificado pelo grande público por sua atuação incisiva no debate político e cultural brasileiro, em Alfabeto das colisões (Ubu, 160 pp, R$ 59,90) Vladimir Safatle faz um exercício ensaístico de "filosofia prática", tratando de modos de ação social num registro em que toda experiência serve como ponto de partida para reflexões mais abrangentes. Uma banda militar tocando Daft Punk num encontro entre presidentes. A morte de um certo gato, que dividia uma casa com um homem, uma mulher e uma criança, oferecendo a ocasião para falar da passagem do tempo, do amor e do que resta. Uma maçaneta que molda o gesto de abrir uma porta, o caráter arruinado da linguagem em Esperando Godot, um analisando em busca de uma determinação patológica, o colapso amoroso em um filme de Andrzej Żuławski. Esses são alguns fragmentos da experiência de um tempo que procura descobrir como fazer ressoar pontos em uma constelação, construindo um verdadeiro alfabeto de colisões.