Entre a fábrica e a senzala
PublishNews, Redação, 06/02/2018
Livro fala sobre os africanos livres que chegaram no Brasil e trabalharam numa fábrica no interior paulista entre os anos de 1840 e 1870

A dissertação de mestrado em História defendida por Mariana Alice Pereira Schatzer Ribeiro, em 2014 na Unesp, intitulada Entre a fábrica e a senzala (257 pp, R$ 48) foi publicada em livro, numa coedição entre Fapesp e Editora Alameda. A autora buscou entender as experiências dos africanos livres na Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema, em Sorocaba (SP), entre os anos de 1840 e 1870. Os africanos livres foram uma categoria de trabalhadores com condição jurídica diversa em meio ao Brasil escravista e as pressões para o fim do tráfico transatlântico de escravos pela Inglaterra. Tutelados através da lei de 07 de novembro de 1831, a qual estabeleceu que os africanos capturados nos navios apreendidos devessem permanecer no Brasil durante 14 anos e, posteriormente serem reexportados para a África. O exame da documentação mostrou que o relacionamento dos trabalhadores levava à criação e ao fortalecimento dos laços entre companheiros. Na prática, africanos e escravos não sofreram diferenciações no cotidiano, como tarefas, alimentação, moradia entre outros fatores. Por conseguinte, o direito à liberdade e à reexportação após os 14 anos de serviços prestados muitas vezes não se efetivou, comprovando assim, a ideia de que sua condição foi somente um status jurídico da “lei para inglês ver”.

[06/02/2018 08:50:00]