Saraiva: assembleia em que se decidirá o futuro do sócio coreano é mantida
PublishNews, Leonardo Neto, 22/07/2016
Assembleia decidira a permanência de Mu Hak You no Conselho de Administração da companhia

A Saraiva marcou, para a próxima segunda-feira (25), uma assembleia geral extraordinária em que se discutirão os destinos de Mu Hak You, o coreano que dirige o fundo de investimento GWI, dono de 44,9% das ações preferenciais (PN da Saraiva, e de sua advogada Ana Maria Loureiro Recart. A família Saraiva, controladora da empresa, pede que os dois sejam destituídos do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal, respectivamente. Na tentativa de impedir a realização da assembleia, o investidor coreano recorreu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que se pronunciou nesta quinta-feira recomendando a manutenção da assembleia.

Saraiva: assembleia em que se decidirá o futuro do sócio coreano é mantida | © Leonardo Neto
Saraiva: assembleia em que se decidirá o futuro do sócio coreano é mantida | © Leonardo Neto
No pedido, a GWI sustenta que os controladores, representados pela família Saraiva, estaria adotando uma série de atos voltados para prejudicar os minoritários e satisfazer interesses pessoais e que, tais atos, configuram abuso de poder. Em sua defesa, a Saraiva alegou estar apenas se resguardando diante da ocorrência de uma série de atos ilegais da GWI e das pessoas por ela eleitas, que teriam violado os deveres de lealdade. Ainda em sua defesa, a Saraiva destacou a existência de fortes suspeitas de uso indevido de informação privilegiada, manipulação de mercado e que o comportamento aparentemente autodestrutivo da GWI pode resultar em risco de depreciação irreversível de sua imagem.

O colegiado da CVM, tendo analisado os argumentos de cada uma das partes, decidiu por unanimidade não interromper a convocação para a assembleia da próxima segunda-feira. No entanto, observou que somente os acionistas preferencialistas (sem direito a voto) poderão votar a destituição e Mu e Ana Maria. Com isso, os controladores da companhia, ficarão de fora do conclave que decidirá pela permanência ou não da GWI nos conselhos de Administração e Fiscal da empresa.

Relembre o caso

A crise começou no início de maio, quando Mu e a GWI se levantaram contra o bônus no valor de R$ 3,4 milhões prometido aos administradores e empregados envolvidos na transação de venda dos ativos editoriais do grupo à Somos Educação. Poucos dias depois, Mu vencia a sua primeira batalha, quando conseguiu que os bônus fossem cancelados. Além disso, foi nessa mesma ocasião que a GWI – dona de 38,98% das ações preferenciais e 25,86% do capital total da Saraiva – conseguiu eleger Mu como membro do Conselho de Administração da companhia.

No feriado de Corpus Christi (27/05), Mu e Ana foram flagrados pelas câmeras de segurança da empresa mexendo em papeis e objetos dentro da sede da Saraiva. A família Saraiva considerou a visita uma invasão e já se preparava para acionar a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com uma queixa contra os acionista, quando, no dia 21 de junho, a GWI convocou, por conta própria, uma assembleia geral extraordinária para deliberar sobre os desafios da Saraiva frente ao atual cenário econômico, sua atual situação econômico-financeira e quais são as medidas necessárias “para evitar o iminente estado de insolvência da agravada e o quase certo pedido de recuperação judicial no futuro”.

A resposta da Saraiva foi imediata e conseguiu na Justiça a suspensão da assembleia. Mu Hak You e a GWI recorreram, mas, em uma decisão interlocutória ao recurso, ou seja, intermediária no processo, o magistrado Hamid Bdine, da 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, disse que “não há fatos novos que justifiquem a convocação imediata de Assembleia Geral Extraordinária como medida imprescindível para que a agravada (Saraiva) possa ‘dar um último suspiro e ressurgir das cinzas’”, conforme alegou a GWI para convocar a assembleia.

Tags: Saraiva
[22/07/2016 10:37:00]