
Peço desculpas, pois nessa semana, uso o espaço para comunicar, com pesar, a entrada de um livro na lista que é uma verdadeira tortura. A verdade sufocada (Editora Ser), de (sim, espanto!) Carlos Alberto Brilhante Ustra, também conhecido pelo codinome Major Tibiriça, ex-chefe do DOI-CODI, e primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça como torturador durante a ditadura, ficou em oitavo lugar na lista de não ficção (deveria ser ficção?) dessa semana, com 1.068 exemplares vendidos.
Coronel Ustra, falecido em 2015, (que alguém o tenha), vendeu mais de 20 mil exemplares desse livro desde sua publicação em 2006. Confesso que passei mal com esses números (e com os comentários dos leitores que leram o livro), mas em nenhum momento pensei em omitir esses dados, ou tirá-lo da lista. Aprendi, desde cedo, que a liberdade de expressão é fundamental numa sociedade. Portanto, até o chefe do DOI-CODI tem o direito de escrever seu lado da história. E os leitores têm o direito de ler, se quiserem.
Ao longo da vida, visitei países onde a liberdade é restrita, conheci torturados, ouvi relatos de viúvas, órfãos e pais sem filhos, vítimas de um sistema opressor. É uma experiência que muda a forma de ver e valorizar a vida e a liberdade. Faz com que a gente deixe a piadinha de lado e dê a cara a tapa (ou as costas ao pau de arara e as genitálias ao choque elétrico) pelo que realmente acreditamos.
Se algumas verdades foram sufocadas, hoje, a minha GRITA!