No dia 3 de outubro do ano passado, a HarperCollins demonstrou os seus planos de expansão no Brasil, ao tornar-se sócia majoritária da Thomas Nelson Brasil, até então, controlada pelo Grupo Ediouro. Exatamente dez meses depois, hoje, a HarperCollins e a Ediouro expandem o mesmo modelo da Thomas Nelson Brasil e criam a HarperCollins Brasil, que soma o catálogo comercial da Ediouro, os títulos da Harlequin e da Thomas Nelson Brasil, além da possibilidade de publicar com prioridade os lançamentos globais da HarperCollins.
Uma outra grande movimentação nesse momento é a saída da Harlequin debaixo do guarda-chuvas do Grupo Editorial Record. O contrato para mudança das operações do selo foi assinado na última sexta-feira (31) e a Record terá seis meses para realizar a transferência. O valor da transação não foi revelado. Sonia Jardim, sócia e vice-presidente do Grupo Record disse ao PublishNews que o investimento em outra aquisição não está descartado, mas que não há nada em vista nesse momento. “Estamos vivendo um momento de crise. É claro que, em momentos de crise, surgem novas oportunidades. Se surgir uma boa oportunidade, tudo é possível”, afirmou.
Em 2006, quando foi criada, a joint-venture da Thomas Nelson Brasil tinha 15% de participação da então Thomas Nelson Publishers e 85% de participação da Ediouro. Em outubro de 2014, a HarperCollins, que havia adquirido a empresa norte-americana sócia da Ediouro, aumentou sua participação para 85%. O PublishNews apurou que a composição de capital na nova sociedade se alterou. “É uma joint-venture para a qual ambas as partes estão trazendo ativos: a Ediouro vem com seus títulos trade e a HarperCollins vem com a Thomas Nelson Brasil, a Harlequin e nossos títulos globais”, explicou Tod Shuttleworth, vice-presidente de International Publishing da gigante norte-americana. As empresas, no entanto, não divulgaram as participações de cada uma delas na HarperCollins Brasil.
A nova empresa nasce incorporando o catálogo comercial da Ediouro. “Separamos em ‘trade’ e clássicos, e foi a área de ‘trade’ que foi envolvida no negócio”, explica Antônio Araújo, atual diretor da área de livros da Ediouro que será diretor executivo da nova joint-venture. “Mas não é possível definir por selo, pois a gente há anos não se organiza por selo, inclusive para permitir este movimento agora”, continuou. De forma geral, no entanto, pode-se entender o catálogo clássico da Ediouro como o conjunto de títulos com potencial de vendas junto ao governo. Desta forma, Carlos Heitor Cony, Nelson Rodrigues e Guimarães Rosa, por exemplo, seguem com o grupo carioca exclusivamente. Já O Pequeno Príncipe, mais comercial, agora é da HarperCollins Brasil. “A ideia é migrar todos os títulos ‘trade’, e começamos agora com os primeiros 400”, afirma Araújo. Quanto aos selos, “a HarperCollins Brasil poderá usar os selos da Nova Fronteira e Agir, mas o objetivo é lançar e migrar os atuais títulos para os selos da nova empresa”, ainda explicou o diretor executivo da HarperCollins Brasil. A Ediouro continuará publicando títulos literários e clássicos sob a marca Nova Fronteira, e títulos de seu selo católico, Petra. O negócio de entretenimento e passatempos permanecerá sob a operação Coquetel.
Sob o comando de Araújo, que será responsável pelas áreas operacional e financeira, estão Kaine Nanne, publisher responsável pelos catálogos da HarperCollins e Harlequin, e Omar de Souza que permanecerá como publisher da Thomas Nelson Brasil. “Ficamos muito entusiasmados ao anunciar esse novo investimento no Brasil”, disse Brian Murray, presidente e CEO da HarperCollins Publishers em comunicado. “Isso nos proporciona uma presença mais marcante num mercado estratégico e em expansão, e representa mais um passo em nossos planos de publicar globalmente nossa ampla lista de autores, ao mesmo tempo prestigiando os autores locais”, completou.
“Desde 2006, nossa joint-venture com a Ediouro tem sido uma experiência de sucesso, apresentando crescimento em quase todos os anos desde a sua fundação. Acreditamos que podemos alcançar o mesmo sucesso com a expansão da parceria sob a marca HarperCollins Brasil”, disse Tod Shuttleworth. “É uma grande alegria para nós expandir nosso relacionamento com a HarperCollins nesse esforço de alinhar o trabalho editorial de ambas as organizações, tanto em ficção quanto em não ficção”, declarou Jorge Carneiro, CEO do Grupo Ediouro.
