Impressões de viagem
PublishNews, 29/06/2010
Marisa Moura acaba de voltar do Write the World, evento que reuniu escritores, tradutores, agentes e editores em Atlanta, e conta o que andam discutindo por lá

Volto do evento intitulado Write the world em Atlanta, em que escritores fizeram contato direto com coachs, tradutores, agentes literários, editores e autores que se autopublicam. Uma platéia, na sua maioria, formada de americanos e... brasileiros. E lá me deparei com algumas das questões, que já vinha observando em vários blogs ou tweets de profissionais, sobre posturas do autor, editor e do mercado editorial, principalmente pelas mudanças que o formato e-book vem provocando.

Um fato me chama atenção a cada artigo que leio: o diferencial para que uma obra entre no mercado oficial (comercial) ou ‘paralelo’ (edição do autor, e-book etc.). Aqui não interessa, portanto, definir a forma de publicação do conteúdo, pois importante é entender o que estão considerando ser esse diferencial. Por exemplo: A diferença principal é que como agente eu estou procurando escritores que se consideram mais do que apenas um escritor e estão dispostos a ir uma milha extra com publicidade, construindo uma presença online, e fazendo tudo que podem para ajudar a si próprios a se destacarem. A opinião é do agente Nathan Bransford, Curtis Brown Ltd., porém, ele não é o único a dizer isso.

Por outro lado, no Write the world, pude assistir a vários autores apresentarem sua obra e a si mesmos – para o mercado editorial e a imprensa – como ‘o pacote especial de bons negócios’. De certa forma, foram até parâmetros para colegas ali presentes, que ainda não viam as coisas sob essa perspectiva ‘de venda’ (o que não quer dizer que todos a encamparam). Também conheci muitos escritores brasileiros que ainda estão finalizando suas primeiras obras e expressavam suas dúvidas (recorrentes): Onde estão os meus leitores? No Brasil? Nos Estados Unidos? O que escrevo para os leitores de línguas latinas vale para os leitores das anglo-saxônicas e vice-versa? Como me preparo para ser um best seller internacional?

No twitter (hashtags: #agentpay e #advchat), acompanhei as discussões: "Como seria a mudança na indústria editorial se os agentes mudassem seu pagamento de comissões base para cobrar por hora?", ou "como seria a mudança na indústria editorial se todos os editores forem para um modelo de não adiantamento?", discussão proposta por Colleen Lindsay em seu blog The Swivet.

Pois bem: uma das poucas respostas possíveis para a pergunta ‘como me preparo para ser um best seller internacional?’ começa bem aí, nessa discussão.

Pode parecer estranho escrever para o mercado editorial brasileiro sobre as novas atribuições do agente literário e as inúmeras variações nos serviços, já que muitos dos nossos autores ou reclamam que ainda temos poucos agentes, ou ainda não compreenderam o papel do agente literário. Acontece que as novidades de lá, mais cedo ou mais tarde, acabam aportando por aqui. Então, é melhor ficar de olho nas novidades detectadas entre viagens, no twitter, nos blogs, no write the world e no nosso dia-a-dia. Comecemos listando os tipos de profissionais a que os autores podem recorrer:

  1. Coach de carreira: em geral, começa acompanhando a futura obra passo a passo, orientando e sugerindo; uma vez pronta, trabalha para vendê-la e até ajuda a compor o perfil profissional.
  1. Editor de projetos editoriais: também começa ajudando a desenvolver a obra, depois promove a venda e acompanha a carreira do autor.
  1. Agente (propriamente dito): alguns também ajudam a desenvolver a obra e, depois de vendê-la, seguem assessorando o autor.
  1. Assessor de imprensa e comunicação: podem ir desde a divulgação da obra até a assessoria exclusiva da comunicação do autor.

Então, voltando às questões de Colleen Linday, vê-se que não existe padrão de contrato, nem informação de como eles são pagos. Alguns correm o risco de receber apenas na venda para publicação. Outros ganham por hora, excluindo despesas de todo tipo no processo de venda e assessoria de carreira. Há, ainda, a opção de um pagamento mensal fixo, mais as despesas extras.

Para o Brasil, que mal começou a entender o que é um agente literário ‘clássico’, essa é uma fonte tão profícua – e talvez desconcertante – de formas de contratos e parcerias, que pode configurar novo árduo caminho a ser percorrido pelos profissionais (autores, agentes e outros) até o entendimento das possibilidades de trabalho conjunto e consequentes benefícios... Então, quanto mais cedo começarmos a abordar o tema, melhor!

[28/06/2010 21:00:00]