Quando comecei a trabalhar com livro digital, muitas editoras e autores me procuravam para saber como fazer, por onde começar. Por isso alguns chegaram a me contratar para consultoria, mas não sabiam muito bem o que consultoria significava. Ao contratar um consultor, você "aluga" a hora dele para que te dê uma visão geral do negócio, com dados e contatos. Basicamente, é o que eu faria nesta empresa em relação ao produto digital, se eu trabalhasse nela. Isso inclui uma carteira de contatos, ajuda na negociação de novos contratos, resolução de crises etc... Basicamente um guru-cartomante, só que baseado em experiência de mercado, ou um médico que te entrega um diagnóstico.
O grande problema é que, muitas vezes, quando empresas e profissionais contratam um consultor, eles acham que estão contratando um funcionário, um novo empregado. E na cabeça do consultor, ele está fazendo o papel dele, doando o tempo e criando saídas, enquanto as pessoas da empresa ficam olhando com aquela cara de "que incompetente e preguiçoso"- "ganhando pra fazer nada" e por aí vai.
Por causa dos vários desentendimentos, parei de dar consultorias, o que acabou casando com minha dedicação total a Kobo Brasil. Isso foi um alívio. Faço aqui um mea culpa e declaração de fracasso. Não conseguia ser clara o bastante sobre o que eu poderia ajudar na empresa e o que eu faria no período combinado. Por outro lado, os autores que me contratavam achavam que estavam contratando uma editora, junto com departamento de marketing, mídias sociais e agência editorial... E olha que nem cobrava caro, afinal minha incompetência não me permitia cobrar o valor justo de uma consultoria. O Editor contratava (na cabeça dele) por um valor de consultoria, um editor, diagramador, especialista em marketing e analista de mídias digitais, gerente financeiro - para o pagamento dos direitos autorais... Ah, contador também, afinal, como cobrar por um produto digital?
A clássica era o contratante ignorar veementemente uma sugestão para resolver alguma crise... Mas fazer o que? Quando vou a uma consulta médica não necessariamente significa que eu tomarei o remédio que ele me receitar. Mas seria justo o médico sair como incompetente diante do descaso do paciente?
Há um grande mal-entendido no mercado. O termo consultor virou piada interna em algumas empresas e estes profissionais aptos a ajudarem as editoras no desafio de se reinventarem estão sumindo do mercado... Estão desaparecendo em um momento crucial de mudança e reinvenção de nossa área.
Já tiveram alguma experiência parecida? Tudo bem fracassar de vez em quando, né? Essa cobrança de ser um sucesso em tudo cansa e é até meio careta. Enfim, não me procurem para consultoria. Topo um café para trocar ideias.
*Super Loser, ilustração do querido Ismael ismaelalleycat@gmail.com que me definiu muito bem assim: “você é uma cachoeira de fúria cuja a saída é uma pequena torneira prestes a se romper" e que "você é minha Power Ranger Violeta" #tamojunto
Camila Cabete (@camilacabete no Twitter e Instagram) tem formação clássica em História. Foi pioneira no mercado editorial digital no Brasil. É a nova Head de Conteúdo da Árvore e a podcaster e idealizadora do Disfarces Podcast.
camila.cabete@gmail.com (Cringe!)
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.
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