Crise e demissões nos didáticos
PublishNews, Carlo Carrenho, 20/06/2016
Somos, Moderna e Positivo cortam mais de cem profissionais às vésperas da entrega do PNLD 2018

Prazo para inscrição de obras didáticas no PNLD 2018 termina hoje, 20/6 | © Divulgação / Pedro Rappoport / FNDE
Prazo para inscrição de obras didáticas no PNLD 2018 termina hoje, 20/6 | © Divulgação / Pedro Rappoport / FNDE

A entrega das obras e da documentação para o Programa Nacional do Livro Didático 2018 termina hoje, 20/06, às 16h30. Isto significa que, nas últimas semanas, as equipes de produção de livros didáticos das maiores editoras educacionais brasileiras correram contra o relógio para que o prazo fosse cumprido sem falhas. Quem já trabalhou com programas de governo sabe o alto nível de estresse que isto envolve, e como noites são passadas em claro e horas extras se acumulam. Neste ano, no entanto, a tensão dos últimos dias antes da entrega final para PNLD se agravou por um fato novo: demissões nas editoras didáticas.

As editoras Moderna, Positivo e Somos Educação, três dos gigantes do mercado didático brasileiro, fizeram várias demissões de profissionais da área editorial na última semana. A editora Moderna, que pertence ao grupo espanhol Santillana, já vinha demitindo vários profissionais desde o início do mês. Somando-se as demissões da semana passada, entre 25 e 30 funcionários foram dispensados pela multinacional, de acordo com o que o PublishNews apurou.

Na editora Positivo, os cortes ocorreram no início da última semana. Cerca de 50 funcionários foram demitidos do escritório de São Paulo, onde se concentrava a equipe dedicada a programas de governo. Com as demissões, a equipe ficará praticamente extinta, pois poucos de seus membros foram poupados.

Na Somos Educação, as demissões também se concentraram na área editorial de didáticos e aconteceram na sexta-feira, 10/06. Foram 37 demitidos, número confirmado pela empresa. Por meio de nota oficial, a Somos ainda informou "que passou, recentemente, por uma reestruturação em sua divisão editorial, que abrange as editoras Ática, Scipione e Saraiva" e que "as áreas mais atingidas foram as de suporte da produção de livros didáticos, como diagramação e arte". A empresa também explicou que "a medida teve como base uma avaliação interna que tinha como objetivo otimizar o processo de funcionamento dessas divisões da Somos Educação".

A movimentação demissionária que varreu o mercado ao mesmo tempo não foi uma mera coincidência. Por um lado, há, é claro, uma crise em andamento com risco real de diminuição das compras governamentais. Também é fato que as empresas didáticas vêm se reestruturando como resposta à crise ou a movimentos de fusões, como é o caso específico da Somos. Mas, ainda assim, é inegável que se esperou a finalização das obras para o PNLD 2018 para que a maior parte dessas demissões ocorressem.

As editoras Moderna e Positivo foram contatadas pelo PublishNews, mas preferiram não comentar o assunto e não confirmaram o número de demitidos.

Abaixo a nota oficial da Somos Educação:

[20/06/2016 13:08:00]