Torelli fala sobre Preço Fixo durante evento da ABDL
PublishNews, Leonardo Neto, 12/03/2015
“Se não estamos nos entendendo o que estamos fazendo em Brasília?”, questiona Torelli sobre o assunto

Pelos corredores do Hotel Praiamar, em Natal, onde acontece até o próximo domingo (15) o 13º Salão de Negócios da Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL), o que se ouve é um orgulhoso “a ABDL ganhou tanta importância nos últimos anos que ‘emprestou’ o seu vice-presidente para a CBL (Câmara Brasileira do Livro)”. Luís Antonio Torelli (na foto ao lado de Leandro Carvalho, futuro presidente da entidade), que até o próximo dia 25 acumula a vice-presidência da ABDL e a presidência da CBL, foi festejado pelos membros da ABDL e transitou nos três primeiros dias do evento. Considerada a patinho feio das entidades da cadeia produtiva do livro, a ABDL conquistou mesmo mais espaço nos últimos anos. “É que essa turma daqui está acostumada a colocar a mão na massa e ir onde o leitor está. Não é de esperar sentado”, defendeu Torelli em um papo com o PublishNews na tarde dessa quarta-feira (11), antes de retornar para São Paulo. E é com essa atitude, a de não esperar sentado, que Torelli diz que vai tocar a CBL no biênio 2015/2017. Ele quer ir até onde o leitor está. “Temos um produto de primeira necessidade, mas que muita gente não entende assim. Nós, enquanto entidades do livro, temos a obrigação de fazer alguma coisa para a formação de leitores no Brasil”, defendeu Torelli. O Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL) deve ser, na visão de Torelli, a grande aposta das entidades do livro no momento. “Essa é a prioridade. Antes disso, estamos fazendo um mapeamento de iniciativas que dão certo pelo Brasil e a ideia é replicá-las em outros lugares. Como se explica, por exemplo, Passo Fundo (RS) ter um índice altíssimo de leitura e a gente não aproveitar aquele modelo em outros lugares?”, questionou o dirigente? Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul, é a cidade com maior índice de leitura no Brasil, sendo considerada a Capital Nacional da Literatura. Em muito, isso se deve à realização da Jornada Nacional de Literatura, que se sagrou como um dos maiores e mais importantes eventos literários focado especialmente em jovens leitores do Brasil.

Para que isso ocorra, Torelli defende que deve haver um pacto entre as entidades do livro. “Se nós não nos entendemos, o que estamos fazendo em Brasília?”, questiona Torelli. A lei do preço fixo, por exemplo, encampada pela Associação Nacional de Livrarias (ANL), começou a tramitar no Senado Federal recentemente [] e pegou o SNEL de surpresa, segundo publicou o jornal O Globo. Sobre a lei do preço fixo, Torelli defende: “a gente está passando por um problema seriíssimo, temos eu regulamentar”. Mas, para o dirigente, antes de pleitear uma lei no Congresso Nacional, era necessário antes que as entidades fizessem um pacto. Para Torelli, levar o assunto ao legislativo sem antes testar na prática pode ser perigoso. Ele defende que, antes de chegar a Brasília, as entidades deveriam sentar, pactuar e testar e só então tentar transformar o preço fixo em lei. E insiste: a solução é focar na formação de leitores. “A grande causa é criar mais leitores no Brasil. Porque, daí, o problema vai ser a falta de livrarias”, idealiza Torelli. “No início, as pessoas achavam que eu era muito sonhador. Não sou não! É o caminho. Nós, do porta a porta, estamos acostumados a sonhar e fazer acontecer”, finalizou.

[12/03/2015 00:00:00]