Polêmicas dão o tom do lançamento da programação da Flip
PublishNews, Leonardo Neto, 14/05/2014
Em rede social, editor do Grupo Record critica as escolhas do curador

A ironia e a sátira sempre foram as armas de Millôr Fernandes, morto em 2012, na hora de criticar o poder e as forças dominantes. E, durante os anos em que se manteve na ativa – desde o início dos anos 1940 e até meses antes de sua morte – Millôr foi uma pedra no sapato de muita gente poderosa fosse pela sua produção literária, para o teatro ou em seus desenhos cheios de humor e acidez. Pois foi nessa faceta de Millôr que a Festa Literária de Paraty (Flip) foi buscar inspiração para a programação da sua edição de 2014 anunciada ontem no Rio de Janeiro. Sob curadoria de Paulo Werneck, a 12ª edição – marcada para acontecer entre os dias 30 de julho e 3 de agosto - terá contestadores como a Prêmio Pulitzer de 2000 Jhumpa Lahiri (Terra descansada- Companhia das Letras e Aguapés – Globo Livros), o israelense ainda inédito no Brasil Etgar Keret, considerado o principal nome da literatura israelense pós-Amos Oz; a canadense vencedora do Man Book Prize de 2013 Elanor Catton (Os luminares, que sai pela Globo Livros em junho), além de brasileiros como a autora e atriz Fernanda Torres (Fim – Companhia das Letras), Antonio Prata (Nu, de botas- Companhia das Letras) e o comediante Gregorio Duviviver (Ligue os pontos – Companhia das Letras). A programação completa pode ser acessada clicando aqui.

"O Brasil vive um momento de contestação ao poder e nós não poderíamos ignorar. Grande parte dos nossos convidados também são críticos, muito atuais, que levantarão questões do século XXI, como a estrutura das cidades", afirmou o curador ontem durante a apresentação da programação, no Rio de Janeiro. Dois fatos importantes e inéditos na história da Flip marcam a curadoria dessa edição. Primeiro Werneck escolheu um time de escritores que nunca passaram pelas tendas da Festa e, também pela primeira vez, um autor contemporâneo foi selecionado como homenageado do evento.

Mas, claro, as escolhas de Werneck suscitaram imediatamente após a divulgação da programação polêmicas que pegaram fogo como rastilho de pólvora nas redes sociais. Carlos Andreazza, editor da Record, foi um dos primeiros e mais contundentes a criticar a programação de Werneck. “É inaceitável que a Festa Literária Internacional de Paraty desconsidere a literatura brasileira assim tão abertamente”, bradou o editor pelo Facebook. A crítica de Andreazza logo ganhou corpo, mais de 35 compartilhamento e repercussão na Folha de S. Paulo. No total, a Flip terá 23 autores nacionais, apenas um deles – Marcelo Gleiser – é do time da Record.

Andreazza questionou, ainda pelo Facebook, o que considerou uma “concentração editorial bárbara” na programação da Festa. “Este - o desequilíbrio editorial, a concentração editorial – que é uma das mais duradoras da Flip que hoje quer questionar o poder”. Para a Folha de S. Paulo, Werneck respondeu as críticas de Andreazza, dizendo: “acho que a programação foi bem democrática. Temos 41 autores representados por 16 editoras. Algumas delas nunca tinham participado da Flip antes, como a Sextante”.

Os ingressos para as mesas e tendas da Flip estarão disponíveis para compra a partir do dia 2 de junho pelo site da Tickets For Fun, pelo telefone 4003-5588 e nos pontos de vendas credenciados. O preço dos ingressos da sessão de abertura e das mesas da programação é de R$ 46 (R$ 23 meia), para a tenda e R$ 12 (R$ 6 meia) para tenda do telão.

[14/05/2014 00:00:00]