Invasões bárbaras
PublishNews, Leonardo Neto, 25/03/2014
Agência comemora crescente presença de autores nórdicos no mercado brasileiro

Não é de hoje o namoro entre Brasil e países nórdicos. A Vikings of Brazil, agência especializada em intermediar negócios entre Brasil e a Escandinávia, fechou mais de cem títulos de 2012 pra cá. O sucesso da Vikings of Brasil ganhou páginas no Helsingin Sanomat, o principal jornal da Escandinávia. O artigo, assinado por Maria Manner, fala do aumento expressivo do número de obras dinamarquesas, finlandesas, islandesas e suecas no Brasil e atribui esse fenômeno ao trabalho do casal Pasi e Lilia Lomanin, fundadores da Vikings of Brazil. “O artigo foi matéria de capa do caderno de cultura do jornal que tem circulação maior do que a Folha de S. Paulo aqui no Brasil. Ou seja, foi um artigo importante, num jornal importante sobre uma agência literária brasileira. Não acredito que isso aconteça frequentemente lá fora”, observa orgulhoso Pasi.

Para o PublishNews, Pasi contou que que está vendendo uma média de um título por semana. “Muitos deles em pre-empt, mas também temos leilões o que mostra que as editoras acham que os nossos títulos têm grande potencial e que vale lutar por eles”. Entre os compradores da Vikings of Brazil estão editoras como Companhia das Letras, os vários selos do Grupo Record, Gutenberg e até pequenas como a Valentina.

Um dos negócios mais festejados por Pasi foi a venda dos direitos de publicação de cinco títulos da série Moomin, da finlandesa (e agora centenária) Tove Jansson (1914-2001), para a Autêntica. O clássico da literatura infantil foi vendido também para a novata Caixote, que apareceu no mercado em agosto do ano passado, mas já comprou os direitos de publicação de livros-aplicativo da série Moomin para português, japonês, inglês e finlandês. Isabel Malzoni, diretora da Caixote, contou que está muito feliz com a aquisição. “No Brasil, o Moomin é muito pouco conhecido. A nossa esperança é que as crianças brasileiras conheçam mais dos personagens”, conta.

A Caixote foi criada por Isabel, em sociedade com o brasileiro filho de sueco – ela jura que é coincidência – Per Gustav Hörnell. “Não fazemos e-books e sim aplicativos interativos, dinâmicos, mas também não somos uma desenvolvedora de aplicativos”, define Isabel. Para ela, há dois pilares fundamentais na Caixote que se encaixam perfeitamente na obra de Tove. “O primeiro pilar é uma linha editorial muito bem definida, com obras que foquem na autonomia da criança e, o segundo, é que o uso da tecnologia deve ser para estimular a leitura e a literatura e criar experiências encantadoras”, observa.

Os personagens de Moomin vão ganhar animação, áudio e uma pitada extra de interatividade que prefere guardar em segredo. “Queremos que as crianças compartilhem suas experiências de leitura com seus pais e avós e temos certeza de que, com os Moomins, isso vai acontecer”, conta entusiasmada Isabel enquanto folheia um original da série.

O investimento em app-books é alto se comparado ao necessário para levantar um livro impresso ou mesmo um e-book. O prazo para confecção também é outro. Com isso, a Caixote ainda não teve nenhum lançamento. Há, de acordo com Isabel, uma fila de cinco títulos já adquiridos, incluindo os da série Moomin. “Três desses cinco títulos devem sair ainda em 2014”, estima Isabel.

Na contramão

É bom lembrar que os negócios entre Brasil e os países nórdicos devem ganhar movimentação extra depois de setembro, quando acontece a Feira Internacional do Livro de Gotemburgo, que nessa edição, homenageia o Brasil. Em entrevista concedida ao PublishNews recentemente, Maria Källsson, diretora da feira, disse que Gotemburgo será uma porta de entrada para obras brasileiras ao mercado nórdico.

[25/03/2014 00:00:00]