Mercado de literatura infantil em pauta
PublishNews, Iona Teixeira Stevens, 10/10/2013
Setor é marcado por problemas de distribuição e compras governamentais

O Pavilhão 3 da Feira de Frankfurt é o mais colorido e um dos mais agitados, afinal, é onde se concentram as editoras de livros infantis. E foi ali que aconteceu hoje de manhã uma apresentação sobre o mercado editorial da literatura infantil brasileira, que reuniu Breno Lerner, da Melhoramentos, Mariana Warth, da Editora Pallas, e Renata Borges, da Peirópolis, que falaram sobre as características do gênero no Brasil. E elas podem grosso modoser resumidas a duas: problemas de distribuição e compras governamentais.

“O Brasil tem cerca de 3 mil livrarias, num país com uma população de 200 milhões,” abriu Lerner. “A distribuição dos livros é, portanto, muito difícil, e acabamos dependendo muito das compras governamentais e das vendas diretas para escolas”. Mas, lembrou Lerner, o mercado é enorme, “dos 35 mil novos títulos lançados todos os anos, 24% são infantis”. Além disso, o futuro depende e passa pela educação (e a educação pelos livros infantis), então a expectativa é sempre de expansão.

Mariana Warth, da pequena carioca Pallas, reforçou a importância das compras governamentais. “A nossa editora teve 4 títulos que entraram nos programas de compras governamentais. Cada um teve 100 mil cópias vendidas. Para uma pequena editora como a nossa, determina muita coisa. É um número que talvez eu não chegue no ano inteiro”.

A plateia parecia não conseguir captar o tamanho do papel do governo brasileiro no mercado editorial. “Mas, quem são essas pessoas? Quem decide o que o governo vai comprar?”, perguntou uma italiana.

“Ninguém sabe, eles são invisíveis”, brincou Renata Borges. “Nós sabemos que são de universidades, às vezes mandamos um monte de livros para quem achamos que talvez seja responsável, para eles avaliarem. Em certo sentido, é um mercado selvagem”.

O governo tem ajudado indiretamente também. A Pallas e a Peirópolis publicam, respectivamente, livros com temas da cultura africana e de autores indígenas. Portanto a lei que obriga o ensino da história e cultura africana e indígena beneficiam ambas as editoras independentes.

Mas, em relação às poucas livrarias e dificuldades de distribuição, não há uma solução de curto prazo viável. “Por que não sugerem que o governo ajude a construir livrarias em lugares isolados, para ajudar a fomentar o mercado naquela região?”, perguntou uma senhora, que no Brasil seria provavelmente considerada ingênua. “Não atingimos nem o patamar de ter uma biblioteca em cada cidade no Brasil, e enquanto isso não acontecer não há como nem falar sobre livrarias”, respondeu Lerner. Como se sabe, há uma lei que visa atingir esse patamar, a uma taxa de 52 bibliotecas por dia.

[10/10/2013 00:00:00]