DRM x marca d’água
PublishNews, Roberta Campassi e Flávia Leal, 28/03/2012
E-books de ‘Harry Potter’ levam marca d’água ao invés do sistema de segurança mais difundido

Chamou atenção a o fato de que os e-books da saga Harry Potter foram lançados, ontem, sem DRM, o sistema de segurança que inibe cópias ilegais de conteúdo, hoje o mais usado por boa parte do mercado de e-books no mundo todo.

Os livros digitais da série literária de maior sucesso dos últimos anos, que compõem o ambicioso projeto da Pottermore, controlado de perto pela autora JK Rowling, levam, ao invés de DRM, uma marca d’água. “Marca d’água” é outro nome, mais usado hoje em dia, para o chamado “DRM social”.

A ideia é bastante simples e nada hi-tech: cada e-book vendido contém uma marca com informações sobre o comprador. Se a cópia adquirida for distribuída ilegalmente e identificada, a marca d’água revelará o provável “pirata” por trás da ação. Explica a Pottermore: “a Loja Pottermore personaliza e-books com uma combinação de técnicas de marca d’água que se referem ao livro, ao comprador a ao horário da compra. Isto permite rastrear e responder a possíveis infrações de copyright”. No caso de e-books adquiridos para dar de presente, as cópias conterão as informações da pessoa presenteada.

Para Eduardo Melo, fundador da Simplíssimo, o fato de os e-books da série Harry Potter conterem a marca d’água pode indicar uma tendência. “Todo mundo sabe que a JK Rowling toma conta de todos os detalhes envolvendo a série, e certamente houve muito estudo para concluir que esse sistema é melhor do que o DRM”, diz. “O DRM é muito fácil de ser quebrado e também dificulta a compra.”

Camila Cabete, consultora de e-books e colunista do PublishNews, também acredita que a decisão da Pottermore deve influenciar o mercado de e-books no sentido da adoção mais frequente do DRM social. Segundo ela, o sistema de marca d’água ainda não é usado no Brasil.

O uso do DRM divide opiniões. Se, por um lado, ele é apontado como tecnologia necessária para evitar cópias ilegais, de outro argumenta-se que, não apenas o sistema pode ser burlado, como ele gera várias inconveniências ao comprador do conteúdo – dificulta, por exemplo, a leitura de e-books em diferentes aparelhos. Há quem argumente, ainda, que o uso do DRM é antipático: pressupõe que o leitor é um potencial pirata.

[28/03/2012 00:00:00]