Os planos da Tinta-da-China
PublishNews, Flávia Leal, 20/01/2012
A prestigiada editora portuguesa promete livros com alta qualidade literária e gráfica

O historiador Robert Darnton escreveu sobre como era a produção dos livros no século XVIII: “Cada folha de papel era produzida individualmente, com um procedimento esmerado, e diferia de todas as outras folhas do mesmo volume. Cada letra, cada palavra e linha era composta segundo uma arte que dava ao artesão uma possibilidade de exprimir sua individualidade. ” O esmero visual foi sendo perdido ao longo da história por muitos fatores, entre eles a busca das editoras por impressões cada vez mais baratas.

Porém, algumas ainda procuram ver o livro como objeto de arte. É o caso da editora portuguesa Tinta-da-China, que chegará ao Brasil e às livrarias brasileiras em março deste ano. O nome, em Portugal, significa o mesmo que nanquim, no sentido que é usado no Brasil. Todos os volumes trazem uma marca própria: uma mancha preta em suas lombadas. Segundo a diretora editorial e fundadora da Tinta-da-China, Bárbara Bulhosa, os livros publicados são selecionados devido, principalmente, à qualidade literária das obras. “Não são livros direcionados para a massa, não trabalhamos com best-sellers. São livros feitos para pessoas que realmente gostam de ler”, diz.

Não que sejam livros de leitura difícil, erudita, mas, sim, produções literárias de qualidade. De acordo com Bárbara, a editora também se esmera para criar projetos gráficos que deixam as edições visualmente atraentes.

A Tinta-da-China Brasil terá sede no Rio de Janeiro. Conforme informou Bárbara, ela continuará dirigindo o departamento editorial e a comunicação da empresa – mesmo residindo em Portugal –, e terá apoio de outros dois sócios que moram no Brasil: a brasileira Luciana Terrinha, responsável pela administração, e o português Pedro Gomes, que dirigirá o departamento comercial. A editora terá ainda um assistente editorial.

Em Portugal, a Tinta-da-China possui lugar de destaque e espera alcançar o mesmo no Brasil. Bárbara esteve no ano passado na bienal do livro do Rio de Janeiro e disse ter ficado impressionada com a quantidade de livros comercializados. “O mercado editorial brasileiro está em franca expansão”, conta a diretora, e, em seguida, explica o seu encanto pelo Brasil: “As livrarias brasileiras são fantásticas”.

Os primeiros autores que serão publicados no Brasil são os portugueses Alexandra Lucas Coelho, Dulce Maria Cardoso e Ricardo Araújo Pereira. A editora procura, como uma de suas prioridades, lançar autores portugueses que não são conhecidos por aqui. O catálogo completo pode ser visualizado pelo site.

A distribuidora Superpedido será responsável por encaminhar os livros da Tinta-da-China às livrarias brasileiras. Grandes redes como Saraiva, Cultura, Livraria da Vila e Travessa contarão com os exemplares da editora portuguesa em suas lojas. Inicialmente, as obras serão distribuídas nas cidades São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto, no entanto, visa a expansão para várias regiões do país.

[20/01/2012 01:00:00]