Editoras apostam em lançamentos simultâneos
PublishNews, Roberta Campassi, 22/12/2011
Mais empresas lançam versão física e digital de livros ao mesmo tempo, para aproveitar o buzz da novidade e alavancar a venda de e-books

Se antes as editoras concentravam seus esforços de lançamento na edição de papel e deixavam o e-book para depois, agora já se pode dizer que elas dão atenção especial ao lançamento simultâneo das versões impressa e digital.

LeYa e Intrínseca, que anunciaram recentemente a entrada no mercado de e-books, começam a fazer os primeiros lançamentos simultâneos no início de 2012. Já a Companhia das Letras conseguiu vendas expressivas dos e-books de Steve Jobs e de As esganadas ao lançá-los junto com a versão física das obras. Editoras como Zahar e L&PM também vem experimentando a estratégia.

A iniciativa é muito bem recebida por varejistas que comercializam conteúdo digital e está embasada principalmente no raciocínio de que a venda dos e-books é impulsionada pelo buzz gerado pelo lançamento da versão impressa – por exemplo o destaque nas livrarias, as resenhas na imprensa, os eventos de lançamento etc. Como essas vendas ainda são pequenas, não há canibalização do mercado de livros físicos.

“É no lançamento do título que conseguimos a maior visibilidade, então a ideia é aproveitar essa onda e ganhar exposição, tanto no ponto de venda quanto nos e-commerces”, afirma Pascoal Soto, diretor editorial da LeYa. “O lançamento simultâneo é uma tendência mundial e nós vamos começar a fazer em breve.” A editora anunciou em novembro o lançamento dos primeiros 40 e-books e acordo para vendê-los na Livraria Cultura. O plano é iniciar 2012 com 80% do catálogo digitalizado e mais parcerias comerciais.

A Intrínseca, que na semana passada começou a vender seus primeiros 20 e-books, faz em janeiro dois lançamentos simultâneos: A visita cruel do tempo, de Jennifer Egan, e Silêncio Para Jorge Oakim, editor da Intrínseca, essa é uma forma de dar mais opções aos leitores. “O nosso objetivo é facilitar a vida do leitor permitindo que ele escolha entre e-book e papel já no lançamento do livro”, afirma. , continuação da série Hush, Hush de Becca Fitzpatrick.

Para José Henrique Guimarães, presidente da distribuidora Acaiaca, que dá os primeiros passos no mercado digital, o lançamento conjunto das versões impressa e eletrônica é “um tremendo incentivo para o mercado de e-books”. Segundo ele, 25% das vendas em livraria são de títulos novos. “Oferecer as novidades em e-book dá um impulso muito grande a esse negócio”, afirma.

Duda Ernanny, presidente da Gato Sabido, plataforma de venda de livros eletrônicos e games, concorda. Na opinião do executivo, e-books de obras como Cleopatra (Zahar) e Steve Jobs foram muito beneficiados pelos lançamentos simultâneos.

No caso de Steve Jobs, o sucesso da versão eletrônica é incontestável. Com 4.834 cópias vendidas nesse formado, ele é o e-book best-seller no Brasil até agora. As esganadas, de Jô Soares, que também teve o e-book lançado junto com as cópias em papel, registra venda de 1.726. Os dois são editados pela Companhia das Letras e encabeçam a lista de mais vendidos do PublishNews há oito semanas.

Matinas Suzuki, diretor executivo da editora, afirma que o leitor de e-books quer ser o primeiro a ler e, por isso, a publicação simultânea tende a impulsionar as vendas eletrônicas. “As vendas de e-books são muito fortes das primeiras 72 horas do lançamento”, conta. É essa avidez do leitor que também favorece estratégias de pré-venda dos títulos.

Segundo Ernanny, da Gato Sabido, as pré-vendas de e-books muito aguardados costumam gerar vendas bem mais altas do que a média de transações. “O Jobs e o Jô nos ensinaram que há imensa oportunidade nesse tipo de estratégia”, afirma Suzuki.

Mariana Zahar, editora da Zahar, também aposta nos lançamentos simultâneos, algo que a empresa já faz há algum tempo e que não pretende parar. “Já temos cerca de 600 e-books, um dos maiores catálogos do país”, diz. “Mas, mesmo com lançamento simultâneo, as vendas ainda representam muito pouco, menos de 0,5%”. Ela destaca os livros Andar de bêbado e Cleópatra entre os e-books que registraram boas vendas. Estima-se que os livros eletrônicos gerem entre 0,3% e 1% da receita total de vendas de livros no Brasil.

Ivan Pinheiro Machado, editor da L&PM, conta que a editora realiza lançamentos simultâneos com frequência – fez isso, por exemplo, com Feliz por nada, best-seller de Martha Medeiros. Mas o sucesso da versão impressa, nesse caso, não ajudou muito. “E-book ainda não tem nenhum valor comercial, não passa de 0,5%. Quem fala que é mais tá mentindo”, provoca. “Nós temos 600 e-books e já investimentos uma fortuna! Só que até agora só perdemos dinheiro.” Apesar de tudo, Machado afirma que vai continuar lançando e-books, à espera do momento em que esse mercado decole.

[22/12/2011 01:00:00]
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