Ânimos alterados no palco da Jornada
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 26/08/2011
Alberto Manguel não gostou do discurso da editora britânica Kate Wilson e os dois discutiram energeticamente sobre como formar leitores

Tudo ia bem em um dos debates mais aguardados da Jornada Nacional de Literatura – A formação do leitor contemporâneo, nesta tarde, quando o até então tranquilo Alberto Manguel pediu o microfone de volta para criticar o que a editora Kate Wilson acabara de falar. Com experiência de 25 anos na edição de obras infantis, ela acaba de inaugurar sua editora Nosy Crow, que publica livros impressos, digitais e aplicativos. Ela apresentou pesquisas como a que diz que 14% das crianças entre quatro e cinco anos sabem amarrar o sapato, mas que 21% delas podem operar um aplicativo em smartphone (no caso dos EUA, sobe para 30%). Contou dos novos desafios do editor e por fim mostrou o aplicativo do livro Cinderela. Foi muito aplaudida pela plateia atenta. Foi nessa hora que o escritor argentino se exaltou e disse: “Eu não sabia que faria parte dessa discussão a deformação do leitor defendida com argumentos comerciais, de vender este ou aquele produto. O livro não é um produto comercial. É nocivo que uma crianças de três ou quatro anos seja introduzida à leitura dessa forma, aprendendo a ler na tela. Aprender a ler é outra coisa”. Foi muito aplaudido. Kate respondeu: “Não me importo com o que as pessoas leiam, mas quero que elas leiam. A pior coisa seria as crianças pararem de ler.” Foi muito aplaudida. A história foi longe, e Beatriz Sarlo, a crítica argentina que tirou o sono da coordenadora Tania Rösing durante os três anos de negociações para que sua vinda a Passo Fundo se concretizasse, até saiu do holofote. Affonso Romano de Sant’Anna também participou do debate mediado por Fabiano dos Santos, diretor do Livro, Leitura e Literatura do MinC. Kate fala amanhã no Sesc Belezinho. Para mais informações sobre ela e sobre seus livros, confira a matéria publicada hoje pelo PublishNews.

[26/08/2011 00:00:00]