Underworld procura seu lugar... à sombra
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 17/12/2010
Editora comandada por uma brasileira e dois italianos vai às compras no exterior e tenta garantir seu espaço entre os leitores adolescentes
Existe um mundo de leitores na internet que não compram um livro porque leram determinada resenha no jornal, porque receberam a propaganda pela mala direta de uma livraria ou porque ele está na lista de mais vendidos das revistas semanais. Se o livro que querem ler não chamou a atenção das editoras por aqui, eles traduzem e vão divulgando trechos em blogs, comunidades, fóruns e em outros espaços virtuais. Se uma editora grande não se interessa por aquela ficção mirabolante que escreveram, tratam de editar por conta própria e fazem a divulgação também toda virtualmente.

Foi assim com Eduardo Spohr, que antes de entrar para a Verus já tinha vendido mais de 4.500 exemplares de A batalha do Apocalipse em seu site. E é pensando nesse público que a Underworld começa a lançar livros. Seu primeiro título, Os vampiros de Monganville, ficou pronto em novembro. Durante todo o período de gestação, dividiu com os leitores tudo o que fazia. Se a tradução estava atrasada, a editora avisava. Se comprava o direito de algum título, seus fãs eram os primeiros a saber. E por causa desse contato estreito e constante, a editora atraiu, em quatro meses, mais de dois mil seguidores para a sua página do Twitter. A Underworld pertence a Fabiana Andrade, de Baependi/MG, e aos italianos Vincenzo Santangelo e Franca Manzoni. Juntos, garimpam títulos no mercado internacional e já se preparam para lançar autores brasileiros.


Entrevista com Fabiana Andrade

Qual é a meta da editora?
A meta da editora é se fortalecer no mercado brasileiro de livros infanto-juvenis, trazendo aos leitores títulos de conteúdo além de qualidade na tradução e arte do livro. Nossa meta é também publicar e criar espaço para os jovens escritores brasileiros.
Qual é a linha editorial da Underworld?
Nossa linha editorial são livros Young-Adults (Juvenis).

Como surgiu a ideia de abrir a editora?
A idéia surgiu depois de chegar da Itália e ver que a maioria dos livros por lá já lançados ainda não tinham previsão de lançamento no Brasil. Percebemos o enorme potencial dos livros YA naquele momento, dali até os sócios se juntarem foi bastante rápido.
Quem serão os leitores dos livros que vocês vão lançar?
Serão principalmente os jovens leitores e espero que leitores mais experientes que gostam de livros com uma boa dose de fantasia, mistério, romance, etc.

Qual é o maior desafio de uma nova editora?
Acredito que o maior desafio seja encontrar os parceiros certos para a distribuição dos livros, de forma que ele esteja disponível no maior número possível de livrarias brasileiras.

De quantos exemplares será a tiragem?
A tiragem inicial dos livros dos escritores brasileiros será de 2 mil exemplares, divididos entre acabamento brochura e capa dura.

Qual é a previsão anual de lançamentos?
Nossa previsão inicial é de pelo menos 2 livros por mês.

Como os livros serão distribuídos?
Estamos fechando parceria com grandes livrarias como Livraria Cultura e Livraria Saraiva, dentre outras grandes, e estaremos trabalhando com vários fornecedores para ter competitividade e conseguir atender todo o Brasil.

Como os livreiros podem adquirir os livros?
Cada livro terá seu próprio website, com informações sobre os livros, personagens, etc. E teremos um link “onde encontrar”, colocando à disposição dos distribuidores de livrarias um e-mail próprio para esse tipo de solicitação.

O que a Underworld tem que as outras não têm?
Acredito que seja o diálogo franco com o público.

Alguns livros que vocês estão trazendo já foram traduzidos informalmente por fãs. A editora está preenchendo uma lacuna deixada pelo mercado editorial brasileiro?
Acredito que sim. A maior parte das editoras aposta em autores já conhecidos e que são best-sellers no exterior. Nossa proposta é a de trazer livros com uma linha editorial bem específica sem nos preocuparmos muito se os livros já são bem conhecidos no exterior. Grande parte dos nossos escritores está lançando o primeiro livro agora. Na verdade avaliamos mais a qualidade do livro e da história em si do que propriamente os números de venda e acho que os novos leitores também estão antenados, por isso grande parte dos livros que iremos lançar já foram traduzidos informalmente por fãs.

Sem nenhum livro publicado, a editora já tem 2 mil seguidores no Twitter. De onde vem essa legião de fãs?
Todo mundo nos pergunta isso... risos Acredito que nossos seguidores se identificam com a editora pois já perceberam que seus conselhos, indicações, reclamações são respondidos. Não existe aquela distância que eles sentem com outras editoras. O diálogo é diário e contínuo e isso na minha opinião é o que justifica estarmos chegando aos 3 mil seguidores em pouco mais de 4 meses de Twitter.

Há ou haverá autores brasileiros no catálogo?
Sim, lógico. Já recebemos mais de 500 manuscritos brasileiros. Até agora já foram aprovados 3 manuscritos, entre os quais a da escritora Mandy Porto (com os títulos Sussurros de uma garota apaixonada e Lágrimas em Salém) e da mineira Luiza Salazar com o título Os sete selos. Acredito que até o fim do ano alguns outros manuscritos brasileiros estejam também sendo aprovados o que me causa grande felicidade.

A editora é sua única atividade hoje? O que você fazia antes? E os outros sócios?
Sim, a editora é nossa atividade hoje. Minha formação é em Letras (me formei pela Universidade Federal do Rio de Janeiro), os outros sócios que não são brasileiros já possuem uma bagagem grande no ramo editorial italiano.

Como estão formando o catálogo? Primeiro decidiram quais livros queriam e foram às compras ou as oportunidades aparecem?

Nosso primeiro contrato internacional foi a série de livros Os vampiros de Morganville. Esses títulos nós batalhamos para conseguir e queríamos em nosso catálogo. Logo em seguida as oportunidades foram aparecendo, mas continuamos antenados e buscando dos fãs indicações de livros a serem trazidos para o Brasil.

De quanto foi o investimento de vocês na editora?
O investimento foi grande, principalmente na aquisição de títulos internacionais. Optamos por fechar inicialmente diversas séries e ter um catálogo já formado e com títulos fortes. Logo em seguida o livro já vai automaticamente para tradução. Nossa meta é traduzir e publicar os livros comprados com intervalo máximo de 8 meses (entre compra do título e disponibilização nas livrarias).

Quantas pessoas trabalham na produção dos livros?
Bom, nossa equipe está aumentando rapidamente. Além dos editores, que trabalham na procura de títulos e na negociação dos mesmos, temos uma equipe que analisa dos títulos recebidos para termos agilidade (tanto os livros de escritores estrangeiros quanto os livros de escritores brasileiros), além disso temos a equipe de tradutores, revisores, etc... que nos ajuda a construir um livro sem falhas e de qualidade. Acredito que a tendência é aumentar o número de pessoas da nossa equipe nos próximos meses.

Quais lançamentos você destacaria?
Eu destacaria a série Os vampiros de Morganville, de Rachel Caine. Também estou confiante no sucesso que a série As crônicas de Imaginarium Geographica de James A. Owen irá fazer no Brasil. O primeiro volume - Aqui existem dragões - será lançado em dezembro de 2010. Eu também destaco os lançamentos de Mandy Porto e Luiza Salazar (Sussurros de Uma Garota Apaixonada e Os Sete Selos), pois essas duas feras prometem.
[17/12/2010 01:00:00]