As praias do Rio sempre exerceram fascínio sobre qualquer mortal, e os paulistas não são exceção (mesmo que neguem). Agora, uma situação semelhante acontece no mercado livreiro. Embora já existam 47 livrarias e sebos no Centro do Rio de Janeiro, a área (sem praia) é um dos lugares considerados pela paulistanérrima Livraria Cultura para o seu début carioca. Se ela quiser mesmo o tombado Cine Vitória, local indicado ontem pela coluna Gente Boa, vai ter que correr. “A Livraria Cultura não é a única interessada no prédio”, disse Rafael Nigri, o proprietário do imóvel de 10 andares.

Desde 2004 quando comprou o antigo Cine Vitória, na Rua Senador Dantas, nada aconteceu por lá. Ele está, desde então, desocupado (chegou até a ser invadido antes disso) e hoje abriga uma pequena floricultura e serve de garagem para alguns carros. Transformá-lo em uma loja no padrão paulistano replicado nas recentes filiais de Brasília e Fortaleza vai dar trabalho (veja fotos). A Livraria Cultura, no entanto, não confirmou que abrirá sua livraria lá. Informou apenas que está pesquisando lugares porque há, sim, o interesse de expandir a rede para o Rio.

Rui Campos, dono da Livraria da Travessa, não sabia dos planos da Cultura de ir para a cidade que tem na Travessa a sua principal referência livreira. “Mas ela está crescendo tanto e abrindo lojas em várias cidades brasileiras que é natural que venha para cá”. Para ele, há espaço para todo mundo e a possível ida da Cultura ao Centro não atrapalharia o seu negócio. A Travessa tem quatro lojas naquela região e outras três no Leblon, em Ipanema e na Barra. “As livrarias estão em um bom momento. Elas viraram programa e o livro, objeto de desejo”. Ele mesmo quando se dá conta está passeando à paisana em suas lojas nos fins de semana.

O fato de a Travessa ter um excelente rendimento, conforme informou, mostra que há demanda no Rio de Janeiro por livrarias. E por falar em rendimento, não será de se estranhar se daqui a pouco anunciarem a abertura de uma loja em outra cidade. “A Travessa está em plena expansão, mas nada do que se possa falar ainda”. Enquanto puder manter o padrão de atendimento e de produto vai continuar crescendo, afirmou.

Milena Duchiade, da Leonardo Da Vinci, se preocupa com a novidade, embora tenha dito que ela já era esperada. “A Livraria Cultura tem muito apetite e está em todos os lugares, mas chega e mata as pequenas”. Mesmo assim, disse que quanto mais livrarias existirem, tanto melhor. Mas para se ter um mercado saudável, onde as pequenas não são engolidas pelas grandes redes que conseguem negociar melhores descontos com as editoras, só com a lei do preço fixo, acredita.

Neste ano, a Cultura inaugurou lojas em Brasília e em Fortaleza. Agora em novembro, será a vez de Salvador ganhar a sua. É só ir acompanhando os próximos passos...