Contemporâneo cult da literatura
PublishNews, Redação, 28/03/2024
Imogen Binnie utiliza referências das culturas pop e punk para ilustrar a vivência de uma época, porém, os dilemas da personagem e seus medos

Maria Griffiths tem quase trinta anos, vive no Brooklyn, trabalha num sebo no sul de Manhattan, usa uma bicicleta para se locomover e faz o que pode para não se afastar de suas raízes e crenças punk. Ela leva uma vida meticulosamente arquitetada para não precisar pensar ou sentir: evita conversas difíceis, engole pílulas aleatórias que carrega em um saquinho, tem uma rotina matinal orquestrada minuto a minuto, bebe demais e está sempre traçando rotas de fuga. Além disso, protege-se debaixo de camadas de roupa e maquiagem, na esperança de escapar de diálogos forçadamente simpáticos ou abertamente hostis sobre o fato de ser uma mulher trans. A bolha em que vive estoura com o término do namoro com Steph, e a situação se agrava quando, no dia seguinte, Maria retorna de uma de suas muitas saídas não autorizadas do trabalho e é demitida. Esses dois acontecimentos a levam a uma crise existencial que culmina no roubo do carro de Steph e em uma viagem rumo à Califórnia, onde ela acaba conhecendo uma pessoa que a faz examinar a própria vida e existência trans. Publicado originalmente em 2013, Nevada (Todavia, 288 pp, R$ 79,90 – Trad.: Fernanda Abreu) logo tornou-se um fenômeno entre a comunidade queer. Imogen Binnie utiliza referências das culturas pop e punk para ilustrar a vivência de uma época, porém, os dilemas da personagem, seus medos e suas preocupações, reverberam mais de uma década depois.

[28/03/2024 07:00:00]