O aparelho é o preferido para o consumo do livro digital mesmo em classes mais altas, nas quais o acesso a outros dispositivos poderia ser maior. O smartphone fica a frente de outros dispositivos como e-readers — como o Kindle e Onyx Boox, por exemplo – que têm 19% da preferência, pouco à frente de computadores, com 17%.
André Palme, sócio e Chief Marketing & Content Officer no Skeelo e colunista do PublishNews, avalia que a conveniência é uma grande aliada do celular diante das outras opções para e-books. "O celular está com as pessoas o tempo todo, segundo o Google (em um material que chamam de Micro Momentos) abrimos o celular pelo menos 150 vezes por dia. Em cada uma dessas vezes está uma oportunidade de leitura, mesmo que sejam poucas páginas por vez. Mesmo o e-reader tendo chegado a níveis de tecnologia e conforto de leitura muito bons, é mais um device para carregar e levar junto com você. Além disso, as pessoas se acostumaram a ler informações de todo tipo e a ouvir conteúdos no celular, então isso pode ser facilmente transposto para a leitura e escuta de livros, e é o que tem acontecido", comenta.
Outra pesquisa, a Panorama Mobile Time/Opinion Box – Uso de apps no Brasil, realizada por uma parceria entre o site de notícias Mobile Time e a empresa Opinion Box, mostra quais são os aplicativos mais usados para leituras de livros em celulares. O pódio é composto pela Amazon Kindle (25%), Google Play Livros (10%) e a nacional Skeelo (8%).
Dados fornecidos ao PN pelo Skeelo denotam alto tráfego de usuários de leitura mobile. O aplicativo possui mais de 2.2 milhões de pageviews mensais e um tráfego aproximado de 20 terabits por mês. As categorias mais lidas do aplicativo são: Administração, Economia e Negócios; Literatura e Ficção e Romance.
Nos seus quase cinco anos de existência, a empresa registrou 1,3 bilhão de minutos consumidos como um todo. A equipe de comunicação diz que, até o momento, a plataforma teve 54 milhões de minutos consumidos no aplicativo em 2024. O Skeelo aparece também no pódio da preferência entre os serviços de clubes de livros/leitura na pesquisa de comportamento de leitores em 2023, realizada pela Nielsen BookData e Câmara Brasileira do Livro. A pesquisa também aponta como o terceiro espaço mais utilizado por consumidores para compra de livros digitais (8,90%).
O emprego de celulares – e também de fontes alternativas para acessar livros e artigos – é comum no ambiente universitário. A estudante de Relações Públicas da Universidade de São Paulo, Duda Nóbrega, afirma que começou a utilizar o celular para leitura por conta do preço dos livros. "Comecei a usar o celular para ler em uma época que lia muito, entre 4 e 5 livros no mês, como não teria condições financeiras de comprar todos esses livros, ler pelo celular foi uma ótima solução", diz.
O Panorama do Consumo de Livros também traz dados sobre o porquê das pessoas não comprarem livros, que se relaciona com o depoimento da estudante que afirma não querer "correr o risco de comprar um livro que não vou gostar". Isso porque a pesquisa – realizada com 16 mil pessoas ouvidas entre os dias 23 e 31 de outubro de 2023 – revelou que o preço é o principal fator que afasta potenciais leitores de comprar livros.
Outros fatores para o uso de celulares para a leitura são a praticidade e o conforto de se utilizar alternativas mobile, principalmente durante os momentos de "movimento" da rotina, como no transporte público, a caminho da faculdade e do trabalho. O estudante de publicidade da USP, Joaquim Moura, complementa também sobre o dano ao qual o livro físico fica exposto no transporte do dia a dia, que é algo que o incomoda.
Essa praticidade proporcionada pelas alternativas mobile também exige um certo planejamento dos usuários. Duda usa com frequência o Google Play Livros, um aplicativo para ler epub. Na plataforma, todos os arquivos ficam armazenados em uma estante virtual: "Eu excluo o arquivo dos livros que não vou ler mais para liberar espaço", afirma.
Duda e Joaquim não deixaram de comprar livros físicos, mas pode-se dizer que o hábito mobile os deixou mais seletivos quanto aos livros comprados. "Priorizo comprar livros de autores nacionais ou de autores que eu gosto muito", afirma o estudante de publicidade. "Dessa forma, eu garanto que na minha estante tenha apenas livros que eu goste, que eu tenho carinho".
Palme complementa: "Uma coisa interessante da pesquisa de maneira geral é quanto o celular está presente nos principais hábitos de lazer dos pesquisados, ou seja, mais uma oportunidade do livro ser inserido ali. O convívio entre formatos hoje navega muito bem, 46% dos pesquisados dizem que consome físicos e digitais".
Confira a pesquisa completa aqui.
