Uma das mais reverenciadas obras de poesia do último maldito da literatura
PublishNews, Redação, 26/03/2024
Bukowski expõe as vísceras da realidade, revolve o cotidiano, e, de onde nem se pensa que sairá um poema

Charles Bukowski, o importante ícone da contracultura norte-americana e um dos mais notáveis poetas contemporâneos, escreveu milhares de poemas durante a carreira, e nesta coletânea, dividida em quatro partes, reúne os mais simbólicos textos sobre amor. Com sua escrita irreverente e estilo minimalista, tece versos ao mesmo tempo simples e pungentes. Em O amor é um cão dos infernos (HarperCollins, 384 pp, R$ 69,90 – Trad.: Júlia Manacorda) é revelada a face de um Bukowski que conhece muito além da boemia, e que se aventurou pelo sentimento mais enigmático da existência humana, explorando as nuances, os limites, os mistérios e, por fim, a nossa incapacidade de passar pela vida sem amar. Como a prosa, cada poema de Charles Bukowski corta como aço de navalha. Ele expõe as vísceras da realidade, revolve o cotidiano, e, de onde nem se pensa que sairá um poema, brotam versos. Algo como um saxofone gemendo na noite fria. As ruas molhadas refletindo o brilho feérico do neon. Fantasmas da madrugada buscam um gole da bebida mais forte que encontrarem. Bares fechando; a luz amarelada, o odor acre de suor misturado com álcool e muito tabaco. Poucos souberam, como Charles Bukowski, arrancar versos de quartos sórdidos de hotel, becos imundos, mulheres de todas as formas, bocas vermelhas demais, madrugadas longas, solitárias. É o bepop dos marginalizados, dos perdedores, pensadores de sarjeta, filósofos encharcados de uísque vagabundo.

[26/03/2024 07:00:00]