Lilia Moritz Schwarcz é eleita a nova imortal da ABL
PublishNews, Redação, 08/03/2024
Eleição da historiadora e antropóloga foi realizada para a cadeira 9, anteriormente ocupada por Alberto Costa e Silva

Lilia Moritz Schwarcz é a nova imortal da ABL | © Renato Parada / Divulgação
Lilia Moritz Schwarcz é a nova imortal da ABL | © Renato Parada / Divulgação
A historiadora Lilia Moritz Schwarcz, de 66 anos, foi eleita para a Academia Brasileira de Letras na tarde desta quinta-feira (7) com 24 dos 38 possíveis votos. Edgard Telles Ribeiro teve 12 votos. Lilia ocupará a cadeira número 9, vaga com a morte do historiador Alberto da Costa e Silva, em novembro de 2023.

Nas redes sociais, a professora e pesquisadora celebrou a eleição com uma homenagem ao antecessor, "nosso maior africanista". "É com imensa honra e tomada por grande emoção que comunico minha eleição na Academia Brasileira de Letras. Entro na Cadeira 9 que ficou vaga por ocasião do falecimento do saudoso Alberto da Costa e Silva. Alberto era nosso maior africanista, poeta de mão cheia, cronista sensível, memorialista da subjetividade, historiador erudito, diplomata referenciado e um defensor combativo e incansável da equidade racial no Brasil", escreveu.

Lilia Moritz Schwarcz é professora sênior do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, e atualmente professora visitante em Princeton. Publicou mais de 30 livros, vários deles vertidos para outros idiomas.

O presidente da ABL, Merval Pereira, comentou que a Academia perdeu dois grandes historiadores recentemente e agora está trazendo uma grande historiadora para suprir esta lacuna. "Não é uma vaga de historiador – não temos aqui vagas de historiadores, mas é importante manter a nossa tradição de termos os maiores historiadores brasileiros. Lilia já chega com uma tarefa, que é dar continuidade à iconografia de Machado de Assis. Queríamos mais mulheres, porque perdemos recentemente várias de nossas confreiras e tínhamos uma dívida com a representatividade da mulher", disse, em nota.

Para Domicio Proença Filho, a eleição da Lilia, uma grande antropóloga e historiadora, é de grande importância para a ABL. "Ela dará uma contribuição muito grande a diversos temas importantes e também para os problemas com os quais Alberto da Costa e Silva se importava".

Heloisa Teixeira disse que estava muito feliz porque a bancada das mulheres na ABL está aumentando e "a Lilia vai aprontar!".

Lilia Moritz Schwarcz

Lilia publicou mais de 30 livros, vários deles vertidos para outros idiomas, como: Retrato em branco e negro (1987); Espetáculo das raças (1993. Prêmio APCA); As Barbas do Imperador (1998, Prêmio Jabuti livro do ano e Farrar Strauss & Giroux 2000); A longa viagem da biblioteca dos reis (2002. Prêmio IHGB); O sol do Brasil (2008, Prêmio Jabuti); Brasil: uma biografia (com Heloisa Starling, 2015, finalista Prêmio Jabuti); Um enigma chamado Brasil (com André Botelho, 2010. Prêmio Jabuti); A batalha do Avaí (2013, prêmio Academia Brasileira de Letras), Dicionário da escravidão e da liberdade (com Flavio Gomes, 2018, finalista Jabuti); Lima Barreto triste visionário (2018, prêmio Biblioteca Nacional, prêmio Anpocs, finalista Jabuti); Sobre o autoritarismo no Brasil (2019, finalista Jabuti), Bailarina da morte: a gripe espanhola de 1918 (com Heloisa Starling, 2020, finalista Jabuti), Enciclopédia negra (com Flávio Gomes e Jaime Lauriano, 2021, Prêmio Jabuti); O sequestro da independência (2022, com Lúcia Stumpf e Carlos Lima), Óculos de cor: enxergar e não ver (2022, prêmio Jabuti). Foi organizadora da coleção História da vida privada.

Foi também curadora de diversas exposições como: A longa viagem da biblioteca dos reis (2006), Nicolas-Antoine Taunay: uma tradução francesa dos trópicos (2008), Uma história do Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte), Histórias mestiças (2014, São Paulo), Histórias da infância (2016, São Paulo), Histórias afro-atlânticas (2018, São Paulo, Washington, Los Angeles, Houston), Histórias das Mulheres (2019, São Paulo), Enciclopédia Negra (2021 e 2022, SP e Rio), Dalton Paula, Retratos brasileiros (São Paulo, 2022), O retrato do Brasil é preto: a obra de O Bastardo (MAR, 2023), Brasil futuro as formas da democracia (Brasília, Belém, Salvador, Rio de Janeiro, 2023).

Teve bolsa da Guggenheim Foundation (2006/2007), da John Carter Brown Library (2007) e recebeu o prêmio produção científica da Humbold Foundation (2022-23). Foi Professora Visitante nas Universidades de Oxford, Leiden, Ècole des Hautes Études, Brown, Frei Universitat e Tinker Professor na Columbia University (2008).

Recebeu, entre outras distinções, a Comenda do Mérito Científico em 2010; a medalha Júlio Ribeiro (por destaque cultural e etnográfico) da Academia Brasileira de Letras, em 2008; e a Comenda Rio Branco 2023. Faz parte do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural (Iphan) e do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da República. Ela é também sócia e cofundadora da editora Companhia das Letras.

[08/03/2024 09:10:00]