O herbário reúne espécies que vão sofrendo o apagamento progressivo que submete flores, folhas e outros elementos vegetais – o que também aproxima a obra de Katia de um aspecto ecológico ao evocar essas imagens e as urgências de mantê-las vivas. Um dos poemas, Profecia, é inclusive oriundo de um diálogo da autora com o líder indígena e ambientalista Ailton Krenak, e traz como prefácio a frase "quando você sentir que o céu está ficando muito baixo, é só empurrá-lo para cima", de autoria de Ailton.
Sobre a escolha de escrever um livro em português e espanhol, a autora diz querer com isso trazer na sua forma um exercício de tradução consigo mesma, resgatando uma memória ibérica, já que seu avô materno é galego e, ainda que tenha morrido quando Katia tinha seis meses, suas recordações foram repassadas à ela por meio de sua mãe. "Uma das partes do livro evoca justamente essa fusão do corpo com o passado, de fazer partes da nossa existência reviverem pela memória e também olhar a relação das próprias plantas com a ancestralidade", conta a escritora, reforçando que esse herbário de memórias busca as conexões que temos com as plantas e o que elas têm a ver conosco.