"A literatura erótica nunca esteve tão viva e vários autores editam suas próprias obras em formato digital porque tem vergonha ou não querem aparecer, mas isso não é justo, porque temos um material muito rico e que merece ser lido por um público maior", afirma a idealizadora do projeto.
No começo do ano, a Lacre lançou um edital em suas redes sociais convidando escritores a participarem do projeto Kāma e, depois de receber material de todo o Brasil, selecionou 33 obras. Entre os autores que enviaram contos e poemas estão Ilana Eleá, Sérgio Barreto, Gabi DiMello, Andrea Neiva, Maria Cecilia Costa Junqueira e Kika Gama Lobo.
Para montar o selo, Flávia fez uma pesquisa apurada e, ao visitar várias livrarias no Rio de Janeiro, acabou descobrindo que a maioria não tem área de literatura erótica, enquanto outras têm espaços bem escondidos. “E isso acontece aqui, na cidade sensual, dita moderninha. Alguns leitores podem argumentar que é por causa das criancinhas que também as frequentam, mas será?”, questiona a editora. Paralelamente, o tema anda esquentando grupos fechados, como o conhecido “Matildes Boudoir”, com 200 mulheres, criado pela jornalista Antonia Leite Barbosa e que conta com alguns dos autores e o tema vai de literatura erótica até sugestão de filmes e brinquedinhos.
Para Ilana Eleá, sex coach e uma das autoras, “o tempo de falar baixinho e ficar constrangido por estar com um bom livro erótico em mãos pode sim, ser superado. O erotismo literário não precisa mais ser uma coisa clandestina, maldita”, preconiza. O primeiro conto do livro, Despertar, de Andrea Neiva, fala sobre as primeiras impressões de uma adolescente para o desejo sexual. As histórias seguem falando de virgindade, fantasias, orgasmo, e passam bem a ideia do que o leitor vai encontrar ao longo das 124 páginas da coletânea: sexo.
