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E era o vácuo universal
PublishNews, Paulo Tedesco, 21/11/2023
As distantes galáxias separadas da Terra pelo vácuo parecem muito com as críticas, por exemplo, sobre o preço do livro

À noite, quando estamos a olhar estrelas no gigantesco espaço nos céus, estamos a ver outras galáxias praticamente inalcançáveis. Destarte o sistema solar, como o Sol, os planetas, suas luas e os asteroides, o que vemos é algo incrível e distante, muito distante. Paradoxalmente, e isso talvez o mais maravilhoso, é que não podemos enxergar a olho nu ou com telescópio amador, o que supostamente estaria mais próximo de nós, os vizinhos na nossa própria galáxia.

Neil deGrasse Tyson, astrofísico negro e o mais destacado dos astrônomos na mídia norte-americana, e possivelmente na mundial, foi quem me fez ver esse fato, das distâncias. Sendo o desenho de nossa galáxia um não muito espesso espiral, o que vemos nas madrugadas é um universo de outras galáxias. E o mesmo ocorre se olharmos para a direção oposta, para o abismo abaixo. E o astrônomo ainda acrescenta: de nossa própria Via Láctea pouco ou nada podemos ver.

Ouvir o Neil foi revelador e também desconcertante. Mas era o óbvio, ora, se estamos numa galáxia não muito espessa como nos mostram as imagens (são imagens de um grande espiral que nunca foram tiradas por nenhum equipamento, mas comprovado pelas projeções), aquele impressionante espaço entre nós e as estrelas, só poderia ser o que dizem ser o vácuo entre as galáxias, e não a distância entre outros sistemas da própria Via Láctea.

Acredito na ciência, na sua lógica e observação, como forma de observar a própria natureza humana. A exemplo da matemática como substrato absoluto do tempo e do espaço. Com os métodos científicos foi que compreendi que se o nosso tempo é espiralado, guardando pontos equidistantes em sua evolução, as nossas expectativas de mundo podem também acontecer diferente do que pensamos, e podem ser mais reais do que desconfiamos.

Olhemos outros universos, os universos do livro. Olhemos para outros países que não vivem somente da vida privada do livro. As distantes galáxias separadas da Terra pelo vácuo parecem muito com as críticas, por exemplo, sobre o preço do livro. Como assim, dizer que o livro está caro e ninguém rebate? Essa pergunta está muito longe da realidade, porque nada resolve nem nada explica dos problemas do livro no Brasil.

Fomentem e protejam o livro como se protegem setores fundamentais da indústria; regulem o preço do livro como se regulam outros setores vitais e começaremos a equilibrar as coisas. Querem preços? Subam salários, ativem o poder de compra da maioria, deem proteção à bibliodiversidade e incentivem o mercado. Pressionem as fábricas de papel assim como os fretes, e voltaremos a falar de uma nação leitora, de um universo mais próximo. Enquanto isso, apreciemos à noite o vácuo e as estrelas tão distantes e intocáveis.

Paulo Tedesco é escritor, editor e consultor em projetos editoriais. Desenvolveu o primeiro curso em EAD de Processos Editorais na PUCRS. Coordena o www.editoraconsultoreditorial.com (livraria, editora e cursos). É autor, entre outros, do Livros Um Guia para Autores pelo Consultor Editorial, prêmio AGES2015, categoria especial. Pode ser acompanhado pelo Facebook, BlueSky, Instagram e LinkedIn.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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