Nawar cresceu com o pai, um pesquisador de insetos, em uma casa flutuante no Catalão, uma comunidade no Amazonas. Da mãe, as únicas coisas que sabe é o nome Eulália, que consta em seu registro de nascimento, e que hoje mora em Santiago, no Chile. Aos 16 anos, ela pede ao pai que a deixe morar em São Paulo, pois o desejo era acordar e sentir o corre-corre do mundo. Ela queria a agitação da vida urbana. Em São Paulo, Nawar aprende o valor da amizade com seus novos amigos Dô e Moon. Irmãos gêmeos, Dô adora músicas e faz algumas mixagens; já Moon tem uma personalidade forte e incisiva. Nawar se apaixona por ele e Moon torna-se sua melhor amiga. Mas não são só as histórias de amizade que enredam o livro Onde moram os segredos (Gaivota, 144 pp, R$ 65), de Milu Leite. Logo no começo, o leitor percebe que Nawar tem um comportamento bizarro, como diriam Dô e Moon, porque ela inventa falsas memórias, as mais esquisitas e esdrúxulas! Ela tanto pode dizer que viajou pelo Himalaia como que ensinou um mico a cantar. A autora Milu Leite convida o leitor a entrar nesse caminho de descobertas que Nawar percorre pela narrativa; a protagonista não entende o motivo que a leva a ter tal Comportamento. Ao fim da narrativa, fica claro que, assim como sua mãe Eulália que tem uma alta capacidade olfativa, Nawar além de herdar essa habilidade, também percebe que suas lembranças são afetadas por esse domínio olfativo. Em uma história cativante, com grandes questionamentos para Nawar, Milu Leite fala sobre a importância da amizade, das experiências dos adolescentes enquanto descobrem a vida e do resgate de memórias.