Obra com uso de inteligência artificial é desclassificada do Prêmio Jabuti
PublishNews, Redação, 10/11/2023
Câmara Brasileira do Livro, organizadora do prêmio, desclassificou a obra 'Frankenstein' ao alegar que 'a avaliação de obras que utilizam IA em sua produção não estava contemplada nas regras'

Depois da repercussão envolvendo a indicação da obra Frankenstein (Clube de Literatura Clássica) entre os semifinalistas da 65ª edição do Prêmio Jabuti, a Câmara Brasileira do Livro (CBL), organizadora da premiação, informou nesta sexta-feira (10) que a obra está desclassificada por conta do uso de inteligência artificial.

Semifinalista na categoria Ilustração, a obra tinha desenhos atribuídos ao designer Vicente Pessôa com utilização de inteligência artificial, o que causou a revolta de artistas e outros profissionais do mercado editorial.

Segundo o comunicado oficial da CBL, “as regras da premiação estabelecem que casos não previstos no Regulamento sejam deliberados pela Curadoria, e a avaliação de obras que utilizam IA em sua produção não estava contemplada nessas regras”.

“A utilização de ferramentas de inteligência artificial tem sido objeto de discussão em todo o mundo, em razão dos princípios de defesa dos direitos autorais. Considerando a nova realidade de avanços dessas novas tecnologias, a organização do prêmio esclarece que a utilização dessas novas ferramentas será objeto de discussão para as próximas edições da premiação”, diz ainda a nota.

Nas redes sociais, um dos jurados da categoria, o escritor e desenhista André Dahmer, afirmou que nem ele nem a organização do Prêmio sabiam que se tratava de uma obra híbrida. "Toda essa história carece de debate", escreveu. "Sei dos limites éticos e jurídicos do uso de imagens que já existem para a produção de outras, 'novas'. Em defesa do autor, no livro constava a coautoria de um robô. Então, não houve má fé no ato da inscrição". Dahmer conta ter sugerido ao Jabuti a criação de uma categoria de ilustração e literatura com auxílio de IA "já no próximo ano".

Desde o anúncio, repercutiu nas redes sociais uma carta aberta à Câmara Brasileira do Livro assinada por autores, ilustradores e profissionais do livro, se colocando contra o uso da inteligência artificial. Entre os posicionamentos, autores têm utilizado a hashtag #ianãoéautor.

A CBL informou ainda que uma nova obra entrará no lugar da desclassificada e o nome será atualizado no site da premiação em breve.

Confira a íntegra do comunicado da CBL:

A Câmara Brasileira do Livro (CBL), organizadora do Prêmio Jabuti, informa que a obra “Frankenstein”, editada pelo Clube de Literatura Clássica, que utilizou ferramentas de inteligência artificial (IA), foi revista e desclassificada. As regras da premiação estabelecem que casos não previstos no Regulamento sejam deliberados pela Curadoria, e a avaliação de obras que utilizam IA em sua produção não estava contemplada nessas regras.

A utilização de ferramentas de inteligência artificial tem sido objeto de discussão em todo o mundo, em razão dos princípios de defesa dos direitos autorais. Considerando a nova realidade de avanços dessas novas tecnologias, a organização do prêmio esclarece que a utilização dessas novas ferramentas será objeto de discussão para as próximas edições da premiação.

Uma das ilustrações do livro 'Frankestein', produzidas com utilização de inteligência artificial
Uma das ilustrações do livro 'Frankestein', produzidas com utilização de inteligência artificial

[10/11/2023 12:00:00]