Uma trama breve e nada singela
PublishNews, Redação, 17/07/2023
Em 'O cerco', obra ambientada na Havana do início da década de 1930, os protagonistas conhecem uns aos outros, mas desconhecem a trama diabólica que os une

O cerco (Companhia das Letras, 136 pp, R$ 74,90 – Trad.: Silvia Massimini Felix) — cuja ação, que dura pouquíssimas horas, se desenrola em uma Havana mergulhada na incerteza após a queda do ditador Gerardo Machado em 1933 — apresenta dois personagens que à primeira vista não têm qualquer relação. Um deles, encarregado da bilheteria de um teatro, é aficionado por música e antagonista dos ricos incultos que frequentam os concertos. Outro, ex-integrante das fileiras da luta comunista, é um desgarrado que procura desesperadamente o melhor jeito de escapar de uma Havana que parece como que sitiada — e o cerco, numa contagem regressiva que se torna cada vez mais frenética e sufocante, começa a se fechar sem qualquer piedade contra ele. Nas periferias e sombras por onde se movem esses personagens misteriosos, o sórdido e o sublime se mesclam numa espécie de concerto: um crescendo que se desenrola em um tempo bem-marcado até chegar ao seu ápice, a um desfecho tão esperado quanto imprevisível. O cerco é uma obra do cubano Alejo Carpentier.

[17/07/2023 07:00:00]