Em Viver à sua luz (Nós, 192 pp, R$ 70,00 – Trad.: Camila Vargas Boldrini), Malika tem um casamento fracassado com Allal, que decide combater na Indochina francesa, ao lado dos franceses, e nunca retorna à sua casa em Beni Mellal. Relegada a uma condição de miséria, Malika é “salva” por um segundo casamento, dessa vez mais por conveniência do que por amor, com Mohammed, com quem terá nove filhos em Rabat. É lá que Malika travará sua grande batalha para impedir que Khadija, sua filha, torne-se empregada na casa de Monique, que, mesmo tendo vivido quase toda a vida na França, não consegue esquecer o Marrocos, a beleza do Marrocos, a luz do Marrocos. Num terceiro momento, o leitor se depara com uma Malika envelhecida, marcada por um passado difícil de ser digerido, e que tenta convencer Jaâfar, amigo de seu filho Ahmed, a não voltar ao presídio de onde acabara de sair. É aí que os leitores poderão conhecer com mais profundidade, e com a espessura do tempo, uma outra Malika e suas estratégias de escapar às crueldades de uma vida que ela mais enfrentou do que viveu.