Cidade triste, cinza e hostil
PublishNews, Redação, 1º/02/2023
Sob o regime dos Simpatia – família no poder há sete séculos –, Vasabarros é alegoria de uma sociedade dominada pela burocracia e pelo autoritarismo

Mistura de distopia e de resposta à brutalidade da ditadura, Vasabarros é alegoria de uma sociedade dominada pela burocracia e pelo autoritarismo. Lá, as regras são seguidas a ferro e fogo, e as palavras de ordem são vigilância, hierarquia, punição e temor. Sob o regime da família Simpatia, a população de Vasabarros se divide em andares, que reproduzem a estratificação social: no primeiro nível estão os funcionários do primeiro escalão, no segundo vivem os membros da Simpatia e no terceiro moram os pobres e marginalizados. Em Vasabarros, há também os merdecas e mijocas, alcunha para os vigias e oficiais responsáveis pela manutenção da disciplina. Sétimo livro do autor, Aquele mundo de Vasabarros (Companhia das Letras, 208 pp, R$ 59,90) foi lançado em 1982 e recebeu, no ano seguinte, o prêmio Jabuti na categoria romance. A trama faz parte do que especialistas identificam como "ciclo sombrio" de José J. Veiga: depois de A hora dos ruminantes (1966), Sombra de reis barbudos (1972) e Os pecados da tribo (1976), esta obra do escritor goiano retorna a um cenário oprimido por poderes atrozes e descomunais.

[01/02/2023 07:00:00]