Contra a repressão biopolítica
PublishNews, Redação, 19/01/2023
Para cada poema escrito a autora Roberta Veiga procurou mulheres para ilustrá-los

Cavalo e caramelo (Quintal, R$ 45) é um livro de poemas feitos durante a pandemia numa tentativa de sair de uma prisão não só física mas da própria sombra, uma vontade de dar vida a um sentimento vago, ambíguo, mas marcado primeiro pelas formas de repressão biopolíticas contra as mulheres, contra os pobres, contra os negros e negras, contra as mães, contra as velhas, contra o meio ambiente e os animais, contra os povos e os corpos da floresta. Foi uma tentativa de dizer algo à luz da ira, da dor, da emoção, da autonomia reprimida, sem retocar sequer um mais, para se filiar formalmente a uma abordagem contra a maquiagem. A partir da ideia de liberdade da linguagem, e da livre associação, de criar poemas de primeira, e deixar que elas viessem a público assim, na forma como foram concebidos, a autora, Roberta Veiga, procurou mulheres para ilustrá-los tentando algumas vezes endereçá-los a elas, outras fazê-los pensando nelas, e outras, simplesmente para oferecer-lhes como matéria de pensamento que se quer imagem. Dessa forma, circulá-los entre essas mulheres – que não são todas artistas de desenho ou ilustração, mas se ligam ou à fotografia, ao cinema, à teoria das imagens, ou que estão de algum modo sempre engajadas na busca por pensar junto e com mulheres as formas de vida, na toada do grupo de pesquisa Poéticas Femininas, Políticas Feministas na UFMG. Nesse sentido, para cada poema escrito a autora entrega, convida, chama, uma ilustração de mulheres queridas, escolhidas por amizade, por sorriso, por doação e "maravilhosidades" que emprestam a vida tornando-a aflitiva, mas de toda forma estética, política e afetiva.

Tags: poema, Poesia, Quintal
[19/01/2023 07:00:00]