CBL e Apex renovam projeto que visa exportar livros brasileiros
PublishNews, Beatriz Sgrignelli, 10/11/2022
Brazilian Publishers movimentou R$ 13 milhões em exportações de livros, direitos autorais e serviços entre 2020 e 2021, e espera crescer ainda mais em 2023

A Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) anunciaram a renovação do convênio para a realização de ações do projeto Brazilian Publishers (BP), que visa a promoção do conteúdo editorial brasileiro no exterior. A parceria somou entre 2020 e 2021 uma movimentação de R$ 13 milhões (US$ 2,5 milhões) entre exportações de livros, direitos autorais e serviços. A expectativa é impulsionar cada vez mais o setor editorial brasileiro no mercado global, com o objetivo de aumentar as exportações e contribuir para a internacionalização de editoras nacionais.

O Brazilian Publishers existe desde 2008 e, atualmente, conta com a participação de 55 editoras dos segmentos Infantojuvenil, Científico, Técnico e Profissional, Religioso e Obras Gerais, alcançando mais de 80 selos editoriais. Grandes nomes do mercado estão presentes no projeto, como o Grupo Companhia das Letras, a FTD Educação, a SESC-SP, a Editora do Brasil e o Grupo Autêntica.

A parceria tem previsão de duração de dois anos e, durante esse período, a ideia é focar em alguns principais alvos no mercado internacional: Argentina, Colômbia, Espanha, EUA, México, Portugal, China e França.

Para possibilitar essa internacionalização, a CBL e a Apex – serviço social vinculado ao Ministério das Relações Exteriores – sabem que um dos maiores desafios continua sendo a língua. Uma das iniciativas do projeto é a ‘Bolsa Tradução’, que oferece bolsas de apoio às editoras que desejam traduzir obras de autores brasileiros. Há também um apoio na preparação de catálogos internacionais em inglês e espanhol nos formatos impressos e digitais, com os títulos que a editora selecionou para integrarem o projeto.

A parceria também vai focar nas principais feiras internacionais do mundo literário, como Guadalajara, Bolonha, Londres, Buenos Aires, Bogotá, Gotemburgo e Frankfurt. Essas são áreas de negociações essenciais para novas ações, contratações e discussão de direitos sobre a publicação. A novidade deste ano é que haverá uma missão exclusiva para o segmento das HQ, destaque na 74ª Feira do Livro de Frankfurt e que, com crescimento nacional, pode render publicações no exterior. Outra das estratégias visa o incentivo à vinda de editores internacionais para solo brasileiro, com o objetivo de negociar diretamente os direitos com as editoras que participam do programa.

Para Vitor Tavares, presidente da CBL, a renovação do convênio com a ApexBrasil reafirma uma parceria de sucesso: “Por meio do projeto Brazilian Publishers, temos levado obras e autores brasileiros para novos públicos do mercado editorial global”, afirma. “Com a renovação do convênio, estamos ansiosos por todas as novas oportunidades de apresentar as vozes brasileiras para o mundo que poderemos criar juntos nesses próximos anos”, conclui.

Investimento nas grandes, mas também espaço para as editoras menores

Dois livros da Companhia das Letras que concorrem ao Jabuti esse ano em diferentes categorias já estão no pacote de obras vendidas para o exterior, no catálogo organizado pela Brazilian Publishers.

A obra Lula, volume 1: Biografia, escrita por Fernando Morais, é uma das que já assinou seu papel de embarque para outros países do mundo. Entre os escolhidos, Portugal, Argentina, Chile e Uruguai. Outro livro pronto para encantar estrangeiros é A pediatra, de Andréa del Fuego, vendida até agora para estrear em Portugal.

A editora Pallas, fundada no Rio de Janeiro em 1975, também já conseguiu negócios internacionais. O livro da grande Conceição Evaristo, Becos de memória, teve seus direitos vendidos a outros três países, México, Eslováquia e Itália.

Outra que teve destaque foi a Letras do Pensamento com a obra Calliope, a escrava de Atenas, de Cindy Stockler, que foi finalista do Jabuti em 2020 na categoria Livro Brasileiro Publicado no Exterior. Os direitos do livro foram vendidos para os EUA e para a Grécia.

Entre outros exemplos de livros publicados no exterior através dessa parceria, vale citar o sucesso de vendas no Brasil, com mais de 165 mil cópias físicas e digitais vendidas desde 2019, Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, lançado também no México. Já o livro O Sorriso do Leão, escrito pelo autor e editor Leonardo Garzaro, teve os seus direitos comprados por uma editora britânica. Por último, a obra Sebastopol já está nas prateleiras de livrarias nos Estados Unidos, Inglaterra, Suécia e Noruega.

Novos desafios do programa

Atualmente, é impossível pensar no comércio de livros sem realizar uma estratégia de comunicação e marketing digital. Com as redes sociais cada vez mais populares, os livros que bombam nos trends são, normalmente, aqueles que não param nas prateleiras e não saem da lista de mais vendidos.

É com essa mentalidade que o Brazilian Publishers também quer apoiar as editoras nas ações de marketing no mercado internacional. As opções vão desde o reposicionamento de marca, até a reformulação e modernização do site. Algo que chama a atenção é a integração ao Pubmatch – um dos aplicativos mais usados pelo mercado editorial, que reúne informações sobre autores, editoras, agentes e profissionais do livro. Isso pode gerar uma facilidade no trabalho de venda, aquisição e na negociação de direitos autorais da obra.

“Para muitos autores, o Brazilian Publishers é uma oportunidade única para ser visto e reconhecido no mercado internacional”, afirma Fernanda Dantas, gerente de relações internacionais da CBL. “Poder continuar contando com o apoio e parceria da ApexBrasil nessa jornada não apenas reforça a importância do nosso trabalho, como também assegura que continuaremos no caminho certo para tornar o mercado editorial brasileiro conhecido no mundo todo”, conclui.

[10/11/2022 11:52:00]