O Globo entrevistou a espanhola Pilar del Río, viúva do português José Saramago (1922-2010). Ela veio ao Brasil lançar um livro sobre o período em que o casal viveu em Lanzarote, uma das Ilhas Canárias. Em A intuição da ilha: os dias de José Saramago em Lanzarote (Companhia das Letras), a narrativa de Pilar fala do cotidiano no local, dos livros que Saramago escreveu ali e das visitas de amigos ilustres, como o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, o cineasta italiano Bernardo Bertolucci e María Kodama, viúva do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986).
O Globo trouxe também resenha do livro O dia de um oprítchnik (Editora 34), do russo Vladímir Sorókin. O romance faz crítica mordaz aos rumos da pátria de Vladimir Putin e serve como um alerta contra a escalada autoritária que se desenha neste século. A história se passa em 2027, em uma Rússia despótica cujo modelo político se inspira no reinando do tzar Ivan, o Terrível, no século 16, com a volta ao antigo regime o governo reestrutura a Oprítchnina, a ferina milícia imperial responsável pelas execuções mais sórdidas e violentas. O autor é um crítico incansável de Putin, e seus trabalhos recebem ataques têm sido alvos de ataques de apoiadores do líder russo.
O Estadão informou que cartas manuscritas de um dos autores mais famosos do Reino Unido, Charles Dickens (1812-1870) serão exibidas ao público pela primeira vez, dando uma nova visão da vida e da mente do escritor vitoriano. Onze cartas foram adquiridos pelo Charles Dickens Museum, junto a um vendedor particular nos EUA país que Dickens visitou duas vezes em turnês de literatura pública. Uma das cartas é um convite para jantar, que ele escreve com um dramático floreio dickensiano: “Diga ‘não’, eu jamais perdoarei. Diga ‘sim’, junte-se a nós na próxima quinta-feira e para sempre serei fielmente seu”.
O Valor trouxe resenha de dois livros de peso. Um deles é Colchão de pedra: nove contos perversos (Rocco), coletânea na qual Margaret Atwood coloca seu foco em gêneros literários que por muito tempo foram desvalorizados pela crítica. São histórias de terror, fantasia e crime que, em décadas recentes, vêm conquistando espaço como elementos constitutivos da cultura contemporânea. A autora articula tradições, como as monstruosidades do gótico no terror Lusus Naturae, e também manipula engrenagens de uma história de crime perfeito, como no conto que batiza o livro.
O outro título resenhado é Somos todos canibais (Editora 34), do antropólogo Claude Lévi-Strauss (1908-2009). Estão reunidos 16 artigos que o autor de Tristes trópicos escreveu para o jornal italiano La Republica entre 1989 e 2000, além do texto O suplício do Papai Noel, de 1952, em que analisa a então recente polêmica introdução do personagem na cultura francesa. Ao escrever sobre assuntos do dia a dia. Lévi-Strauss não apenas dava demonstrações dos anos dedicados à etnografia e pesquisas sobre povos primitivos, inclusive os indígenas no Brasil, mas uma visão etnocêntrica que tenta descartar o poder dos mitos.