A neutralidade impraticável
PublishNews, Redação, 29/08/2022
Em 'Tudo em vão', Walter Kempowski constrói um retrato pungente e complexo de cidadãos comuns que descobrem que a neutralidade é impraticável em tempos violentos

Durante o gélido inverno de 1945, a família Von Globig vive tranquilamente em um casarão aristocrático cercado de neve na fronteira com a Rússia. Sem perder muito conforto, puderam ignorar tanto a ascensão do nazismo como o impacto da guerra. O patriarca está com um emprego burocrático na Itália, a matriarca parece viver em uma realidade paralela, e uma tia bota ordem na casa, coordenando empregadas estrangeiras. No entanto, com a aproximação das tropas russas pelo Leste, esta família que sempre buscou se manter isenta e distante das questões políticas precisará enfim encarar o turbilhão da história. Com uma prosa singela, dividida em pequenos blocos, o leitor acompanha com angústia a passividade dos Von Globig, no aguardo para que a espera enfim se rompa e que esta família compreenda que o acerto de contas com o nazismo é inescapável. Por mais de duas décadas, Walter Kempowski compilou relatos orais de testemunhas do Terceiro Reich em uma coleção de dez volumes. Em Tudo em vão (DBA, 440 pp, R$ 89,90 – Trad.: Tito Lívio Cruz Romão), transformou parte de sua vasta pesquisa de campo em ficção, oferecendo um retrato complexo de cidadãos comuns que descobrem que a neutralidade é impraticável em tempos violentos.

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[29/08/2022 07:00:00]