Recorte da pesquisa 'Retratos da Leitura' revela perfil do leitor na Bienal de SP 2022
PublishNews, Talita Facchini, 10/08/2022
Parceria do Instituto Pró Livro – IPL e Itaú Cultural, o levantamento busca conhecer o perfil e os hábitos dos leitores que frequentam eventos literários e ainda compara os resultados com a Bienal do Livro Rio e Flup, realizados em 2019

Bienal do Livro de São Paulo 2022 | © Divulgação
Bienal do Livro de São Paulo 2022 | © Divulgação
O Instituto Pró Livro, em parceria com o Itaú Cultural, realizou durante a 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo (02 a 10/07) mais uma edição da pesquisa Retratos da Leitura em eventos do livro e literatura, que busca conhecer o perfil e os hábitos dos leitores que frequentam eventos literários.

Aplicada pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) em todos os dias do evento, a pesquisa entrevistou mil pessoas, com idade superior a dez anos e não integrantes de excursões escolares, e teve os resultados comparados com a Bienal Internacional do Livro Rio e a Festa Literária das Periferias (Flup –RJ), realizados em 2019.

Os dados apresentados agora revelam o crescimento da participação das mulheres e dos jovens, maior escolarização e mais participação de autodeclarados brancos, em relação à pesquisa nacional.

O destaque vai para o crescimento da influência do TikTok, YouTube e Instagram no interesse em leituras de livros. Os influenciadores digitais aparecem na pesquisa da Bienal do Livro de SP como o principal indicador de leitura. As redes sociais TikTok, YouTube, Instagram e Facebook influenciaram 28% das pessoas no interesse em leitura de livros, enquanto na Bienal do Rio apareciam em quarto lugar, com 13% de citações, e em sexto lugar na Flup, com 5%. Na pesquisa nacional, esta porcentagem cai para 3%. Entre 10 e 29 anos de idade, acima de 60% citaram influenciadores digitais como indicadores de livros, que, em 2019, apareciam com baixos percentuais.

Gênero, escolaridade, faixa etária e raça

Neste ano, a Bienal de São Paulo recebeu 8% mais mulheres em comparação à do Rio de Janeiro, realizada em 2019. Em relação à escolaridade, a grande maioria dos visitantes tem nível superior: 59% na Bienal paulistana; 61% na do Rio e 76% na Flup. Esses percentuais são maiores do que os do perfil de escolaridade dos brasileiros leitores, como revelado na Retratos da Leitura nacional, que registrou 16%.

Segundo o levantamento atual, os visitantes entre 18 e 24 anos são os que mais frequentam eventos literários. Na Bienal de SP, 36% dos entrevistados estão nessa faixa etária. No perfil referente a raça, em São Paulo 13% se autodeclararam pretos e 24% pardos; na Flup, foram 46% pretos e 21% pardos. Percentuais superiores, também, à pesquisa nacional, que apurou 17% pretos e 45% pardos.

Público leitor e gosto pela leitura

Entre os frequentadores desses eventos literários, quase a totalidade são leitores (a pesquisa considera "leitor" quem leu um livro, inteiro ou em parte, nos últimos três meses anteriores ao estudo). Na Bienal de SP, 98% declararam ser leitores de livros, dado semelhante ao da Flup (97%) e ao da Bienal do Rio (95%).

Nos três eventos onde a pesquisa foi aplicada, mais de 70% dos visitantes revelaram gostar muito de ler. O maior percentual saiu da Bienal de São Paulo: 79%. Esse dado também é superior ao que informam os brasileiros na pesquisa nacional: 31% gostam muito de ler e 22% declararam não gostar.

A pesquisa apurou ainda, a média de livros lidos nos últimos três meses pelos entrevistados. Se na 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura, a média de livros lidos inteiros nos últimos três meses era de 1,05, na Bienal de SP esse número subiu para 4, enquanto a Flup ficou na média de 3,3 e a Bienal do Rio, 3,5.

Quando se fala de livros lidos em partes nos últimos três meses, a média da Retratos da Leitura é de 1,55. A da Bienal de SP cai para 3,6; a Flup sobe para 5,2 e a Bienal do Rio fica em 3,8.

Entre os que gostam muito de se dedicar à leitura, ouvidos na Bienal de SP, 85% são mulheres e 68% homens. Em relação às faixas de renda familiar, os patamares se aproximam de 80%. Por faixa etária, a diferença fica entre 74% e 75%, acima de 40 anos, e 83% entre 25 e 29 anos. Esses percentuais também são superiores aos revelados na pesquisa nacional, 31%.

Gêneros literários

Livros de literatura foram os mais citados nos três eventos, sendo que na Bienal de São Paulo, 76% dos entrevistados responderam ler mais este gênero literário. Na Flup foram 77%, e na Bienal do Rio, 65%. Todos bem acima dos 55% na pesquisa nacional. Importante destacar que em relação a essa pesquisa geral, a Bíblia foi citada por 47% dos brasileiros e em São Paulo por somente 28% dos visitantes da Bienal, apesar desse percentual subir para 50% na faixa de 40 anos. Na Bienal do Rio, 37% citaram a Bíblia.

As citações aos gêneros romance e juvenil cresceram na Bienal de SP. Livros de ciências humanas e poesia se destacam na Flup, apontando para o perfil desse visitante que tem o maior percentual de nível superior e participação em eventos de literatura e livros, como os saraus. As mulheres aparecem à frente na citação de romances.

Motivações

Para 72% dos visitantes entrevistados, a principal motivação para ir à Bienal de SP foi comprar livros com preços especiais, e para 39% aproveitar os lançamentos de livros. Esse dado pode explicar a elevação na venda de títulos citada por editores e livreiros expositores no evento.

Mesmo com a influência dos influenciadores e redes sociais no interesse da leitura - dado já citado anteriormente - amigos e filmes são as motivações mais citadas pelos entrevistados que informaram terem lido livros nos últimos três meses. Amigos foram mencionados por 85% dos entrevistados ao escolherem uma opção sobre a motivação. Filmes aparecem em 78% das opções.

Por sua vez, os professores e escolas, que na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil apareciam no topo da lista sobre indicação de livros ou motivação para a leitura, em São Paulo aparecem em quarto lugar, com 66% na faixa de 10 a 17 anos.

Leitura na pandemia

Ler livros ajudou a enfrentar o isolamento imposto pela pandemia de Covid-19: 87% dos entrevistados informam que leram mais durante esse período. Os interessados por novos títulos são 63%, ao mesmo tempo em que 60% afirmam terem aumentado seu interesse por livros. Entre os entrevistados, 79% concordam que ler melhorou a qualidade de vida no período e, para 66%, a leitura reduziu o estresse e a ansiedade gerados pelo distanciamento social. Para 55% dos entrevistados, ler livros diminui a sensação de solidão ou tristeza.

[10/08/2022 11:00:00]