Apanhadão: Autobiografia de José Simão e mais literatura off-Bienal
PublishNews, Redação, 11/07/2022
Colunista da Folha narra em livro sua vida e sua reinvenção como jornalista de humor; Globo analisa o violento 'Lázaro', thriller escrito por casal de autores suecos por trás do pseudônimo Lars Kepler

José Simão | © Arquivo pessoal
José Simão | © Arquivo pessoal
Durante o segundo final de semana Bienal Internacional do Livro de São Paulo, poucos textos publicados na chamada grande imprensa fugiram do que aconteceu dentro do Expo Center Norte, que abrigou o evento. Mas há vida fora da Bienal.

A Folha destacou um dos principais nomes que consolidaram a posição do jornal do mercado editorial brasileiro nas últimas décadas: o colunista de humor José Simão [foto]. Ele lança Definitivamente Simão (Objetiva), seu livro de memórias escrito a pedido de Matinas Suzuki, diretor da Companhia das Letras. A obra passa pela infância de Simão em São Paulo, pelo desbunde na contracultura no Rio de Janeiro dos anos 1970, pela paixão dedicada à Bahia e por suas viagens pelo mundo, sempre com olhar curioso e debochado que encontrou vazão em colunas de humor dentro do caderno Ilustrada.

Na Ilustríssima, o destaque foi para a britânica Harriet Martineau, a pouco conhecida fundadora da Sociologia. Ela publicou em 1837 e 1838 dois livros que lançaram as bases das Ciências Sociais, mas sua contribuição acabou preterida ao longo da história, sendo hoje desconhecida até em alguns meios acadêmicos. Celso Castro, professor da Fundação Getúlio Vargas, lança Além do cânone: para ampliar e diversificar as ciências sociais (FGV), no qual apresenta Martineau e outros 15 pesquisadores, entre mulheres e homens não brancos e não ocidentais, que, pelo impacto e qualidade de seus trabalhos, merecem um lugar como formadores da disciplina. O autor comenta em entrevista a seleção de seus personagens.

O Globo trouxe resenha de Lázaro (Alfaguara), mais uma aventura do detetive sueco Joona Linna, e tenta listar os elementos que fizeram o sucesso desse thriller à moda antiga que já vendeu 14 milhões de exemplares no mundo. O livro é mais um best-seller de Lars Kepler, ou, na verdade, do casal de escritores Alexander Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndoril, por trás do pseudônimo. Entre alguns dos crimes mais brutais da literatura policial contemporânea, os apuros vividos por Joona Linna fazem o leitor enveredar por paisagens escandinavas sombrias.

No Valor, o destaque foi a publicação tardia no Brasil de O criptógrafo (Companhia das Letras), um bestseller chinês lançado há 20 anos onde o autor Mai Jia contrapõe uma China arcaica e sua versão moderna. No livro, um thriller refinado, o protagonista é recrutado para trabalhar no serviço de inteligência chinês. Para ser mais preciso, em um ultrassecreto departamento de criptografia e contraespionagem, em plena Guerra Fria. A construção do personagem é complexa, indo muito além do perfil muitas vezes raso que até mesmo livros ocidentais de espionagem muito bons oferecem de seus personagens.

O Estadão contou a história atribulada da publicação do livro Tchevengur, uma das obras mais inquietantes produzidas na União Soviética. Andrei Platonov (1899-1951) narra com poesia e paródia um paraíso terrestre comunista. A obra, escrita entre 1927 e 1929, esteve censurada por quase 60 anos, por ser considerada uma crítica à utopia socialista. Sua publicação integral só foi concretizada em 1988, três anos antes do colapso soviético. A edição brasileira é da editora Ars et Vita. Traduzido a quatro mãos por Maria Vragova e Graziela Schneider, é o único romance concluído por Platonov.

O Estadão publicou discussão sobre o espaço nas telas que a produção de streaming está oferendo à literatura brasileira. Para isso, reuniu escritoras brasileiras que falaram dos desafios que encontram para fazer a adaptação de suas obras. Thalita Rebouças, Paula Pimenta, Bruna Vieira e Babi Dewet compartilham desde o receio natural com relação ao nível de fidelidade dos roteiros para outra mídia à prioridade em descobrir o que não pode de jeito algum ficar de fora num processo que, com certeza, exigirá cortes no material original impresso.

[11/07/2022 08:00:00]