Feira de Brasília é adiada por conta da greve dos caminhoneiros
PublishNews, Leonardo Neto, 28/05/2018
E mais: paralisação afeta distribuição de livros e resulta em cancelamentos de outros eventos menores

Greve de caminhoneiros afeta mercado editorial | © Marcelo Camargo/Agência Brasil
Greve de caminhoneiros afeta mercado editorial | © Marcelo Camargo/Agência Brasil

Esta segunda-feira marca oito dias desde que caminhoneiros resolveram cruzar os braços, fechar rodovias e parar o Brasil com o objetivo de chamar a atenção para a sua pauta de reivindicações. O efeito disso na sociedade todos já conhecem e, como não poderia deixar de ser, afetou também o mercado editorial. Embora não haja relatos de prateleiras vazias em livrarias (o que aconteceu com supermercados, por exemplo), a distribuição de livros foi sim afetada. De acordo com a apuração da coluna Painel das Letras publicada pela Folha de S.Paulo no último sábado, a Companhia das Letras, por exemplo, enfrentou dificuldades para escoar seus lançamentos e repor suas apostas e a LeYa desistiu de enviar volumes para a Feira Panamazônica do Livro, em Belém. (PA).

A Feira do Livro de Brasília, marcada para acontecer entre os dias 1º e 10 de junho, foi adiada em uma semana e vai acontecer, segundo informaram os organizadores, entre os dias 8 e 17. Em comunicado, Ivan Valério, presidente da Câmara do Livro do Distrito Federal, organizadora do evento, revelou que vários livreiros disseram que não conseguiriam que os livros chegassem em Brasília em tempo por causa da falta de combustíveis e da dificuldade de locomoção. “Fomos obrigados a fazer a mudança para garantir que o evento mantenha o brilho e não corra riscos desnecessários”, avaliou. A programação dos dias 8, 9 e 10 foi mantida. Nestes dias, a Feira de Brasília recebe nomes como Maria Valéria Rezende, Dad Squarisi, Cristóvão Tezza, Cristino Wapichana, José Santos, Lázaro Ramos, Stella Maris Rezende e Tiago de Melo Andrade. “Quanto aos outros dias, eles estão sendo recompostos de acordo com as agendas dos escritores e artistas convidados. O quanto antes será divulgada a nova programação”, afirmou Mauricio Melo Júnior, curador do evento.

Em São Paulo, a Biblioteca Mário de Andrade, a maior da capital paulista, limitou os seus horários de funcionamento no fim da semana, incluindo o da Seção Circulante, responsável pelo empréstimos de livros, e suspendeu atividades culturais programadas para o fim de semana.

O efeito deverá ser sentido ainda na lista dos mais vendidos das próximas semanas. É que, ainda de acordo com a apuração da Painel das Letras, a Ediouro, responsável pelo “livrão” de Luccas Neto, líder das listas nas últimas semanas, até conseguiu fazer chegar o papel para a impressão de novos exemplares a sua gráfica, mas a distribuição desse material poderá ser afetada.

Os Correios contataram grandes redes de comércio eletrônico solicitando que parem de enviar novas encomendas já que seus armazéns já operam no limite e a sua capacidade de distribuição destas encomendas está limitada a 50%.

No começo da noite deste domingo, o presidente Michel Temer anunciou medidas que, na sua avaliação, atendem às reivindicações da categoria o que levou a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) a pedir a seus associados a suspensão das paralisações. Mesmo que isso aconteça, estima-se que o abastecimento (no geral, não considerando apenas o setor de livros) demore de sete a dez dias para se normalizar. É acompanhar para ver.

[28/05/2018 09:55:00]