Tudo aquilo que não se pode narrar
PublishNews, Redação, 22/05/2018
‘O romance luminoso’ é um romance sobre o desejo de escrever um romance. Um romance sobre manias, transtornos do sono, vício em computadores, hipocondria, o amor e a morte.

No ano 2000, Mario Levrero recebeu uma bolsa da Fundação Guggenheim para terminar de escrever O romance luminoso. O livro tinha sido iniciado em 1984, na mesma época em que o autor, endividado, se mudou de Montevidéu para Buenos Aires à procura de trabalho. Com a bolsa, em vez de se dedicar ao romance, no entanto, Levrero se lançou à escrita febril de um diário da escrita do romance, diário este que se tornaria, ele mesmo, o seu magistral O romance luminoso (Companhia das Letras, 348 pp, R$84,90). O livro narra em detalhes as confusões cotidianas de um homem de sessenta anos. Estão aqui todos os tiques de um narrador obsessivo tomado por fobias e superstições. Assim, a procrastinação e a busca deste livro “luminoso” são a própria matéria de que são feitas as horas, e a aventura literária se insinua através de idas e vindas da espera simbolizada pelos relatórios irônicos do andamento do projeto ao “Sr. Guggenheim”, por visitas amorosas, madrugadas insones em frente ao computador, a busca pelo significado dos sonhos, passeios pelas ruas de Montevidéu e advertências, prefácios, prólogos e epílogos.

[22/05/2018 07:00:00]