A complexidade dos relacionamentos
PublishNews, Redação, 18/01/2017
No livro publicado pela Estação Liberdade, uma gata põe em xeque o relacionamento de um casal

Em A gata, um homem e duas mulheres (Estação Liberdade, 192 pp, R$ 42), o japonês Jun’ichiro Tanizaki eleva à quinta potência o nível de complexidade nos relacionamentos afetivos entre seus personagens. A novela põe a gata Lily no centro da trama protagonizada por Shozo, sua esposa Fukuko e ainda pela ex-mulher do primeiro seu primeiro casamento, Shinako. Shozo adora mimar a gata de todas as formas possíveis, o que deixa Fukuko enciumada — fato que já havia se dado também com a ex-esposa. Ciente da possibilidade de que isso volte a se repetir no novo relacionamento do ex-marido, Shinako planta a discórdia ao sugerir à rival Fukuko que se livre da bichana. É a gata Lily, portanto, que, à primeira vista, se insinua como ponto de desequilíbrio na normalidade dos personagens; no entanto, Tanizaki parece recorrer à gata como metáfora para a falência dos relacionamentos humanos. A intimidade que Shozo dispensa à Lily, como lhe dar de comer diretamente na boca, está longe de se repetir com a mulher. A própria troca de Shinako por Fukuko guarda uma série de interesses que evidenciam Shozo como uma figura patética e manipulável. A segunda novela que compõe a presente edição, O cortador de juncos propõe uma espécie de homenagem ao teatro nô ao estruturar uma “história dentro da história”.

[18/01/2017 07:00:00]