Bookshare, a tecnologia do bem
PublishNews, Leonardo Neto, 23/06/2016
Biblioteca digital acessível que já tem mais de 400 mil usuários no mundo quer ampliar catálogo em português e busca parceiros no Brasil

Um dos mais de 400 mil usuários que utilizam a plataforma da Bookshare para ler livros | © Divulgação
Um dos mais de 400 mil usuários que utilizam a plataforma da Bookshare para ler livros | © Divulgação

Em janeiro de 2015, a Benetech, ONG que “desenvolve e usa a tecnologia para criar mudanças sociais positivas” ganhou do Google.Org Award um investimento de US$ 800 mil. Entre os programas da Benetech, que tem sede em Palo Alto, na Califórnia (EUA), está a Bookshare, uma biblioteca digital acessível desenvolvida para deficientes visuais, pessoas de baixa visão, disléxicos severos e pessoas com problemas motores que impeçam o manuseio de livros.

No mundo todo, a plataforma já tem 400 mil usuários, a maioria deles nos EUA, e cerca de 400 mil títulos, a grande maioria em inglês. Em português, são apenas 57 títulos, quase todos de obras em domínio público. Com o empurrãozinho do Google, a plataforma quer ampliar esses números. Para tanto, contratou uma “evangelizadora”, Julia Kastrup, que começou a visitar editores brasileiros na tentativa de fazer crescer a participação de livros brasileiros no catálogo e, consequentemente, crescer o número de usuários brasileiros na plataforma.

A proposta da Bookshare é que as editoras cedam, sem trocas monetárias, seus conteúdos digitais (em ePub2 ou ePub 3), que serão convertidos em formatos acessíveis (Braile, Daisy ou MP3) pela plataforma. “As editoras não estão perdendo uma venda ao disponibilizar os seus conteúdos na Bookshare, estão, na verdade, ganhando um leitor que não alcançariam de outra forma”, comenta Julia Kastrup, a representante da plataforma no Brasil. Julia garante ainda que a Bookshare criou dispositivos que impedem a pirataria desses conteúdos. Um deles é que o usuário, para aderir à plataforma, precisa apresentar um atestado médico assegurando que se encaixa em uma das condições para ter acesso aos livros.

Julia Kastrup, 'evangelizadora' da Bookshare, está buscando conteúdo em português das editoras brasileiras
Julia Kastrup, 'evangelizadora' da Bookshare, está buscando conteúdo em português das editoras brasileiras

Há também vantagens para os editores que aderirem à plataforma. "Depois de converter os livros, a Benetech entrega às editoras os arquivos em formato Daisy sem custo. Desta forma, estas empresas podem economizar o custo de conversão quando participarem de vendas públicas que exigem o formato acessível", explica Kastrup. A meta da Bookshare no Brasil é arrebanhar pelo menos 250 títulos nos próximos cinco meses. Para isso, a plataforma fechou um acordo com a distribuidora digital Bookwire para facilitar a integração tecnológica e a entrega de arquivos das editoras que cederem conteúdo à plataforma.

Os livros cedidos pelas editoras ficarão disponíveis não apenas aos usuários brasileiros, mas também para todos os usuários da plataforma ao redor do mundo. "Só no Brasil são 6,5 milhões de deficientes visuais, entre cegos e pessoas de baixa visão", comenta Kastrup.

Nos EUA, a Bookshare cobra uma anuidade de US$ 50 de seus usuários. Julia adianta que já estão estudando descontos para o Brasil e que estudantes e professores EUA não pagam pelo serviço. No Brasil, a plataforma já está integrada ao aplicativo de leitura acessível da fundação Dorina Nowill.

Editoras interessadas em ceder conteúdo à plataforma Bookshare podem entrar em contato pelo e-mail juliak@benetech.org.

[Carlo Carrenho, fundador do PublishNews, é o embaixador da Bookshare no Brasil]


[23/06/2016 12:30:00]