O Verde-e-amarelo ficou pálido
PublishNews, Leonardo Neto, 12/10/2015
Participação brasileira em Frankfurt fica menor em 2015

Equipe de montagem acerta os últimos detalhes do estande do Brasil na Feira do Livro de Frankfurt | © PublishNews
Equipe de montagem acerta os últimos detalhes do estande do Brasil na Feira do Livro de Frankfurt | © PublishNews
A Feira do Livro de Frankfurt começará oficialmente nesta terça-feira (13). E a presença brasileira será menor do que em anos anteriores. Se em 2013, quando o país foi homenageado, mais de 180 editoras participaram do estande coletivo do Brazilian Publishers (BP), nesse ano o BP reunirá 36 casas, cinco a menos do que no ano passado. “A subida do dólar fez o valor da nossa participação crescer muito. A crise afetou diretamente o nosso orçamento. Fizemos um esforço muito grande na negociação com fornecedores para conseguir mais por menos”, disse Luiz Alvaro Salles Aguiar Menezes, gerente de relações internacionais da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e coordenador do BP. Para dar tudo certo, Luiz Alvaro disse ao PN que foram feitas substituições “que não vão dar percepção de queda de qualidade, mas que impactaram nos custos”. Fora do estande coletivo, apenas seis editoras representam o País: Ave-Maria, Companhia das Letras, Dublinense, Paulinas, Paulus e Vale das Letras. No ano passado eram nove, contando com a Callis, que, nesse ano, além de participar do estande coletivo, aparece no catálogo de editores como sendo uma editora sediada em Nova York.

Na opinião da CBL, no entanto, o dólar em alta (a cotação da última sexta fechou a R$ 3,76, um pouco abaixo dos R$ 4,14 de duas semanas atrás) pode beneficiar as editoras brasileiras. “Para quem está em Frankfurt pensando nas exportações, a hora é essa”, argumentou Luiz Alvaro. No entanto, é sabido que, apesar dos esforços da CBL e do BP, o Brasil é ainda um grande comprador de direitos. Segundo dados do Relatório de Gestão 2011-2014 da própria CBL, a estimativa era de que a participação brasileira em Frankfurt no ano passado gerasse um volume de negócios de US$ 330 mil em vendas de direitos e de livros físicos nos 12 meses subsequentes à feira.

Quem vai para a Feira de olho nas compras de direitos, vai com cautela. Sérgio Machado, presidente do Grupo Editorial Record, por exemplo, não está muito animado. “Vamos negociar caso a caso para tentar baixado os valores dos adiantamentos”, disse ao PublishNews, em tom de desânimo. No ano passado, a Record mandou a Frankfurt oito profissionais. Nesse, o time foi reduzido pela metade. “Não estou com muita expectativa. Não vai dar para fazer grandes negócios”, disse ao PublishNews. Para a Nielsen, que monitora o mercado de livros no Brasil (e em outros nove países), o cenário é desfavorável e preocupa. “Se em 2014 a Copa do Mundo e as eleições apareceram como desafios a serem superados, em 2015 o esforço é para encarar a crise no varejo e, na outra ponta, as contornar as condições mercadológicas na ‘fabricação’ de livros, já que o câmbio desfavorável deixa Frankfurt, Bolonha, Londres e Guadajara mais distantes. Haja criatividade para oferecer bons e rentáveis produtos para o mercado”, comentou Ismael Borges, gerente do Bookscan Brasil, a ferramenta da Nielsen de monitoramento da indústria do livro.

O aumento dos valores pagos em adiantamentos e em royalties de livros traduzidos no Brasil poderiam impactar o preço ao consumidor final? Sérgio Machado defende que sim. “O preço do livro tem que subir. Os insumos são em dólar e as editoras não têm outro caminho se não repassar aos consumidores”, disse. No entanto, o próprio Sérgio reconhece que subir preços nesse momento poderia ser um tiro no pé e completa: “no momento, só nos resta torcer para a situação melhorar. O que a gente está fazendo é boiar e tentar não afundar”.

[12/10/2015 13:52:30]