Diário de Frankfurt, dia 1
PublishNews, Patrícia Quero, 07/10/2014
Patrícia Quero, editora da Saraiva, abre seu espaço contando como se preparou para a Feira do Livro de Frankfurt que começa oficialmente amanhã

Nada como o outono europeu. Folhas amareladas pelo chão, aquela paisagem das pessoas curtindo a vida junto ao rio, a cidade movimentada. Cheguei a Frankfurt.

Andando pela cidade no final de semana, é possível ver bastante movimento nas ruas, crianças, bicicletas e linguiças dos mais diversos tipos pelas barraquinhas de rua. Até então, um começo de viagem bem tradicional, mas, como em toda viagem, até as coisas banais parecem extraordinárias. E a feira?

A feira começa antes mesmo do ingresso ser emitido. Ainda em julho - particularmente este ano em plena Copa do Mundo -, todos os e-mails foram disparados com rapidez, perguntando gentilmente se é possível marcar uma conversa na feira. Quando vi, minha agenda estava repleta de nomes, tudo bem sinalizado e arrumado para encontros de negócios de meia em meia hora. Das 9h às 17h, todas as meias horas possíveis foram preenchidas, no limite da sobrevivência, mas tem sempre aquela editora que chega mais tarde e pede uma meia horinha a mais do seu dia. Há os convites formais, por e-mail, e aqueles que chegam pelo site da feira. Para mim, muitos indianos matracando reunião, vendo meu LinkedIn sem parar e mandando convites e mais convites. Nunca tinha visto coisa parecida, beirava perseguição!

Ah, e há as festas e os jantares no meio de tudo isso. Os jantares por enquanto me apavoram: não fui a nenhum ainda. Mas comer falando de negócios e em inglês não parece ser fácil, vamos ver...

Comecei a perceber a dimensão da feira já na segunda, quando fui ao Starbucks surrupiar um wifi e percebi editores se encontrando com agentes para negociar títulos. Achei bem estranho, e resolvi presenciar como é que as pessoas fazem negócios. Escutei a conversa e já comecei a me preparar mentalmente para a minha...

As negociações estão borbulhando por aí. Há também uma tradição de os agentes marcarem encontros num hotel sofisticado, o Frankfurter Hof (por acaso, na frente do tal Starbucks), onde te esperam em mesas repletas de doces típicos do chá das 5 e te conhecem, fazem propostas e te cobram por aquele livro que mandaram e que você ainda não teve tempo de responder – tudo isso em exatos 30 minutos – e nada mais. O próximo da fila já está, nesse momento, aguardando impaciente pela reunião da meia-hora seguinte. Porque o hotel pode ser chique, mas o tempo é o mesmo.

[07/10/2014 00:00:00]