Os bastidores da Tarrafa Literária
PublishNews, 30/09/2010
Nosso colunista Zé Luiz Tahan sobreviveu à segunda edição da sua Tarrafa Literária e conta alguns causos

Foi neste último domingo a derradeira mesa da segunda Tarrafa Literária, que reuniu o camaronês Célestin Monga e Zé Miguel Wisnik, mediados pela tradutora e anjo da guarda Estela dos Santos Abreu. O Teatro Guarany aplaudia longamente os autores que já se encaminhavam para o local dos autógrafos, ritual que se repetiu desde quarta-feira, quando Tom Zé retornava do bis e bradava para o teatro lotado: “Vamos tarrafear, Santos!”

E quem somos nós para discordamos do grande músico e jardineiro? O público compareceu ao centro histórico, num teatro incrível, restaurado com ajuda da lei Rouanet, depois de ter sido quase que completamente destruído por um incêndio nos anos 80.

A mesma lei incentivou empresas a patrocinarem o nosso evento. Claro que com muito suspense, confirmamos a última cota aos 45 do segundo tempo. Não foi fácil!

Foram convidados 30 autores e vale dividir algumas passagens. Sabemos que Luis Fernando Verissimo não fala pelos cotovelos e me chamou a atenção quando ouço a sua voz me chamando e já perguntando: “Zé Luiz, tem notícias do Jabaquara?”

Célestin Monga, que é conselheiro do Banco Mundial, em Washington, dispensou o intérprete para passar o tempo todo trabalhando no hotel, abrindo mão dos passeios turísticos e deixando o tradutor cabisbaixo, um pouco murcho. Consolamos o homem e explicamos que o cargo do Monga é sufocante.

O carro que subia para buscar o Angeli sofreu um acidente próximo do destino, sem ferimentos, só o susto. O casal Angeli e Carol desceram por forças próprias e ficamos aliviados quando chegaram em Santos, com uma hora e meia de atraso e pouquíssimas desistências da platéia.

Jeremy Mercer, autor do ótimo Um livro por dia (Casa da palavra), ficou nosso amigo quando defendeu as pequenas livrarias ao microfone. Me escondi nassombras do teatro, com os olhos cheios d’água.

Nina Horta hesitava em aceitar o convite para participar do evento e me advertia dizendo que ficava gaga, esquecia o que iria falar. Mas eu insisti e ela disse: “Olha que vai se arrepender!” Pois foi uma das mais gostosas conversas da Tarrafa, simples e divertida. Adorei Nina. E aí um susto... Nina esqueceu o seu computador de mão no teatro... e ele foi devolvido, que astral!

Muitos outros causos aconteceram, conto num botequim qualquer dia, podem cobrar. Encerro este texto dizendo que nunca me senti tão completo como livreiro, que tem este papel, de reunir escritores e seus leitores, tanto num balcão de livraria, como numa festa literária. Obrigado a todos. Abração!

[29/09/2010 21:00:00]