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Carnaval

Jornalista lança livro sobre desfiles de carnaval que fizeram história, mas não levaram

O samba não é justo

A seleção brasileira de 1982, sob o comando de Telê Santana, encantou o mundo na Copa da Espanha. Mas não foi campeã mundial. A vida nem sempre é justa, inclusive no desfile das escolas de samba.

— O critério do júri oficial nem sempre coincide com a emoção do público. E um dos melhores exemplos é a Beija-Flor, de 1989, com o Cristo Mendigo. É quase unânime que foi o desfile de maior impacto que a Sapucaí já viu. Mas a escola, como se sabe, foi vice — diz Marcelo de Mello, o jornalista do ramo do samba que lançará “Por que perdeu? Dez desfiles derrotados que fizeram história”, pela Record, em janeiro.

Outra injustiça ocorreu com a Unidos da Tijuca, que apareceu na avenida com o surpreendente Carro do DNA, em 2004 (foto), lembra-se? Naquele ano, apesar de todo o burburinho causado pela alegoria, quem abocanhou o primeiro lugar foi a Beija-Flor com o enredo “Manôa, Manaus, Amazônia, Terra Santa... que alimenta o corpo, equilibra a alma e transmite a paz” (alguém aí lembra de algum carro alegórico da escola?). O desfile de Paulo Barros ficou em segundo lugar. Mas é justamente ele que não sai da cabeça da gente quando se fala em inovação dos carros alegóricos.

Há ainda o caso do carnaval de 1999 da Mocidade, de Renato Lage. O carnavalesco, entre outras maravilhas, encantou a Sapucaí com o Carro do Pierrô, que representava o Sodade do Cordão, grupo de carnaval criado pelo maestro Villa- Lobos, homenageado pelo enredo. Mas ficou em quarto lugar, e a Imperatriz foi campeã.

Isso sem falar no inesquecível enredo “Domingo”, da União da Ilha, em 1977. Por apenas um ponto, a escola não foi campeã. Pena, porque a criatividade, com pouco dinheiro e muitas cores da carnavalesca Maria Augusta, poderia ter se tornado uma referência de sucesso para outros carnavalescos. E aí a redução do orçamento não seria um problema tão dramático neste 2018. Afinal, o brilho do desfile não depende obrigatoriamente de orçamentos milionários.

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