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Morre Pat Conroy, autor de ‘O príncipe das marés’

Autor americano de 70 anos havia descoberto um câncer no pâncreas há um mês
Personagens violentos. Pat Conroy usava a sua infância como mote
Foto: Richard Shiro / (AP Photo/ Richard Shiro)
Personagens violentos. Pat Conroy usava a sua infância como mote Foto: Richard Shiro / (AP Photo/ Richard Shiro)

RIO — No dia 15 de fevereiro, o escritor americano Pat Conroy, 70 anos, desabafou no seu Facebook que estava com câncer no pâncreas, e que “pretendia lutar bravamente contra isso”. Na noite de sexta-feira, no entanto, o autor não resistiu e morreu em decorrência de complicações da doença, em casa, em Beaufort, na Carolina do Sul. Ele já sofria de diabetes e pressão alta.

“Um dos melhores presentes que você pode receber sendo um escritor é ter nascido numa família infeliz. Eu não poderia nascer numa melhor”, costumava dizer Conroy autor de “O príncipe das marés”, das suas obras mais conhecidas, romance que foi adaptado aos cinemas e indicado ao Oscar, em 1992, estrelado por Nick Nolte e Barbra Streisand. Não seria a primeira vez de Conroy concorrendo à estatueta: em 1979, o livro “O grande Santini” também foi adaptado para s telas, com Robert Duvall no papel do protagonista, um pai violento.

Nascido Donald Patrick Conroy em 26 de outubro de 1945, em Atlanta, na Georgia, filho de pais militares, Pat Conroy foi vítima de violência na infância, período da vida pelo qual passou mudando de cidade em cidade, outro de seus traumas, assunto tratado na maioria de seus livros — Conroy chegou a se mudar 23 vezes de cidade, mudando 11 vezes de escola no intervalo de 12 anos. ele lia obsessivamente quando criança e era fã do escritor e jornalista Tom Wolfe. Formou-se em 1967 e trabalhou como professor em Beaufort, onde publicou sue primeiro romance, “The boo”.

“Eu escrevo para explicar minha vida a mim mesmo”, disse ele numa entrevista ao canal ABC News, em 1986, como o veículo lembrou ao reportar sua morte ontem. “E também descobri que quando eu consigo, eu também explico a vida de outras pessoas a elas mesmas”.

Conroy foi casado três vezes e tinha duas filhas. Embora vivesse viajando pelo mundo, sempre considerou a Carolina do Sul sua casa, morando na Fripp Island, uma comunidade perto da cidadezinha onde nasceu e morreu.

Seus livros venderam mais de 20 milhões de exemplares em todo mundo, ajudaram Pat e o pai a reestabelecerem amizade. Outra de suas tiradas conhecidas era: “Se você tiver um pouco de sorte, e se fizer direitinho, há uma grande possibilidade de ensinar o mundo inteiro a dançar”.