15/02/2016 16h00 - Atualizado em 16/02/2016 08h22

Morre Myriam Fraga, diretora da Fundação Casa de Jorge Amado

Escritora baiana era vice-presidente da Academia de Letras da Bahia.
Segundo informações da Fundação, ela tinha leucemia e estava internada.

Do G1 BA

Myriam Fraga morreu aos 78 anos (Foto: Fundação Casa Jorge Amdo / Divulgação)Myriam Fraga morreu aos 78 anos (Foto: Fundação Casa Jorge Amado / Divulgação)

Morreu, aos 78 anos, no início da tarde desta segunda-feira (15), em Salvador, a escritora baiana Myriam Fraga, diretora há 30 anos da Fundação Casa de Jorge Amado. Segundo informações da instituição, Myriam morreu por volta do meio-dia, no Hospital Aliança, onde estava internada desde o dia 20 de janeiro. Ela tinha leucemia.

Myriam Fraga era vice-presidente da Academia de Letras da Bahia. Ela deixa quatro filhos. De acordo com a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult), o sepultamento da escritora será realizado nesta terça-feira (16), às 11h, no Cemitério Jardim da Saudade.

Myriam Fraga morreu aos 78 anos (Foto: Divulgação / Fundação Casa Jorge Amado)Myriam Fraga morreu aos 78 anos
(Foto: Divulgação / Fundação Casa Jorge Amado)

Ao G1, o ex-presidente da Academia de Letras da Bahia, Aramis Ribeiro Costa, lamentou a morte da amiga. "Acabei de saber a notícia da morte agora à tarde. É com uma profunda tristeza que recebo essa notícia. Além desse valor extraordinário como poeta e intelectual, ela era uma grande companheira, grande amiga. Estava sempre conosco na academia. Myriam é um verdadeiro patrimônio cultural da Bahia. A morte dela entristece todos que vivem a vida cultural baiana e empobrece a própria cultura", lamentou.

Por meio de uma rede social, o governador Rui Costa também lamentou a morte da escritora. "Mulher baiana, de São Salvador, inquietou seus leitores, nos fez refletir sobre o contraditório, a essência do feminino, sobre o país, e muito contribuiu para que a nossa cultura fosse disseminada. Myriam deixa sua obra e a saudade", publicou. 

O prefeito de Salvador, ACM Neto, destacou o papel da escritora na divulgação da cultura da Bahia. “Poucas pessoas contribuíram tanto nas últimas décadas para o desenvolvimento e divulgação da cultura baiana como Myriam Fraga”, afirmou.

Eu brincava muito com ela, chamava de professora. Ela sempre foi nossa guia. Foi sempre uma representação muito importante.
Ticiano Martins,
gerente da Fundação Casa de Jorge Amado

Já o secretário da Secult, Jorge Portugal, destacou a elegância dos versos da escritora. "Infelizmente, a Bahia - e o Brasil - perde uma de suas poetas mais inspiradas e de versos precisos e elegantes: acaba de nos deixar Myriam Fraga, amiga e Conselheira querida, disse em uma rede social. 

Institucionalmente, a Secult transmitiu pesar pelo falecimento. "A Secult e suas unidades vinculadas – Fundação Cultural do Estado da Bahia, Fundação Pedro Calmon e Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia –  lamentam o falecimento da jornalista, poeta e contista, Myriam Fraga", disse documento.

O gerente administrativo da Fundação Casa de Jorge Amado, Ticiano Martins, contou ao G1 que a Myriam Fraga está na entidade desde a origem. "Ela ajudou a criar esse espaço com Jorge Amado e a família. Ele fizeram isso juntos. Antes [da criação], Myriam realizou uma exposição sobre Jorge Amado. Viram ali que já tinha material suficiente para criar a Fundação", detalha.

Colega de trabalho da escritora na Fundação Casa de Jorge Amado, Ticiano lembra com carinho da profissional. "Eu brincava muito com ela, chamava de professora. Ela sempre foi nossa guia. Foi sempre uma representação muito importante", conta.

Myriam Fraga, diretora da Casa de Jorge Amado, na Bahia (Foto: Imagem/G1 BA)Myriam Fraga foi diretora da Casa de Jorge Amado
(Foto: Imagem/G1 BA)

História
Myriam de Castro Lima Fraga nasceu em Salvador, no dia 9 de novembro de 1937. A escritora iniciou as atividades literárias publicando em revistas e suplementos literários. A estreia em livro ocorre com "Marinhas", que foi lançado em 1964.

Com poemas traduzidos para o inglês, francês e alemão, participou de diversas antologias no Brasil e no exterior.  Myriam foi eleita por unanimidade membro efetivo da Academia de Letras da Bahia, tomou posse no dia 30 de julho de 1985, passando a ocupar a Cadeira de nº. 13, que tem como Patrono o poeta Francisco Moniz Barreto, na vaga de Luiz Fernando Seixas de Macedo Costa.

A escritora também foi membro do Conselho Federal de Cultura (1990 a 1993), do Conselho Federal de Política Cultural (1993 a 1996), e do Conselho Estadual de Cultura (1992 a 2006), do Conselho da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (2004 a 2006). Atualmente era membro do Conselho Universitário da Universidade Federal da Bahia,  do Conselho da Fundação Pierre Verger e do Instituto Carybé.

Diretora executiva da Fundação Casa de Jorge Amado desde sua instituição, em julho de 1986, a escritora também atuava como membro do Conselho Universitário da Universidade Federal da Bahia (CONSUNI),  do Conselho da Associação Baiana de Imprensa (ABI) e do Conselho de Cultura da Associação Comercial da Bahia (ACB).

 

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