• Aryane Cararo
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Imagem de Espelho, Onda e Sombra (Foto: Divulgação)

Imagem do livro Onda (Foto: Divulgação)

A notícia de que a editora Cosac Naify vai fechar em dezembro me deixou muito triste esta semana. Ela me fez pensar sobre tudo o que a editora representou e representa para a literatura infantil e a falta que vai fazer, com seus livros lindos e ótimos autores. Por isso, decidi fazer a minha lista de livros fundamentais da editora, com aqueles que mais gosto, e que as crianças certamente vão gostar.  Muitos ficaram de fora, por esquecimento ou porque eles não tocam tanto meu coração. Você pode dar aqui sua contribuição também!

Espelho, Onda e Sombra: são três livros-imagem da coreana Suzy Lee, que merecem ser lidos juntos porque brincam com o formato da obra. E são recheados de poesia, imaginação e fantasia.

Onde Vivem os Monstros: obra-prima do americano Maurice Sendak, que lida com a imaginação, a rebeldia infantil e a liberdade tão desejada. A editora tem ainda outros livros muito bons do autor.

Parque de Diversões em Pijamarama: neste livro, a magia acontece! Basta movimentar a lâmina plástica de tiras pretas sobre as ilustrações para um parque inteiro começar a se mexer. Essa ilusão de movimento é um resgate de uma técnica antiga conhecida como ombro-cinéma, que foi resgatada pelos autores Michaël Leblond e Frédérique Bertrand. É de cair o queixo das crianças.

Ter um Patinho é Útil: a argentina Isol apresenta não só um formato diferente neste livro-sanfona, mas uma proposta que desafia o leitor a se colocar no lugar de um pato de um menino e também do pato de borracha – cada lado traz um ponto de vista dessa relação.

Contos de Lugares Distantes: o australiano Shaun Tan sabe como poucos brincar com o realismo fantástico em suas obras – e despertar a imaginação e a fantasia em quem lê. Nelas, máquinas malucas e criaturas estranhas parecem naturais.

Capa de Imitabichos (Foto: Divulgação)

Capa de Imitabichos (Foto: Divulgação)

Imitabichos: este livro tem uma proposta muito ousada: suas ilustrações são as esculturas em papel feitas pelo construtivista russo Aleksandr Ródtchenko. O artista atendeu ao pedido do amigo, o autor Serguéi Tretiakóv, que escreveu poemas sobre como recriar os bichos, depois de ver os próprios filhos brincando de imitar os animais.

Pato! Coelho!: tire suas próprias conclusões sobre o bicho que está ilustrado nesta obra da americana Amy Krouse Rosenthal.

Ah, se a Gente Não Precisasse Dormir! e O Livro da Nina Para Guardar Pequenas Coisas: duas obras-primas do americano Keith Haring. Na primeira, as crianças comentam os quadros do artista, e as respostas são de uma criatividade ímpar, na segunda, que mais parece um diário, a criança pode interagir a cada página de acordo com a proposta do autor – desenhando, pintando, colando, escrevendo...

Meu Vizinho é um Cão: não bastasse a beleza do visual com as ilustrações da portuguesa Madalena Matoso, a história de Isabel Minhós Martins, também portuguesa, é muito boa. Trata das diferenças entre as pessoas, o que compõe a individualidade e a estranheza que isso pode provocar.

Alice no País das Maravilhas: em versão integral, este clássico de Lewis Carroll tem um dos mais diferentes e belos visuais dentre todas as obras dedicadas a Alice: o artista paulista Luiz Zerbini criou cenários com cartas de baralho, que depois foram fotografados.

O Pato, a Morte e a Tulipa: um dos livros mais sensíveis e lindos que falam sobre a morte e as coisas boas (e simples) da vida. Não tem como se manter indiferente com essa maravilha do alemão Wolf Erlbruch.

O Dariz: a história de um nariz entupido, inspirada no conto do russo Nikolai Gógol, é de rir com tanta “balavra” pronunciada errada. No texto de Olivier Douzou, o nariz vai atrás de um grande lenço branco para assoar.

Estava Escuro e Estranhamente Calmo: no livro de Einar Turkowski, um visitante misterioso surge na pacata vila e desperta a curiosidade e a inveja dos moradores. Uma obra bem surrealista e sensível.

Mas Por Quê??! A História de Elvis: outro livro para falar sobre morte. Mas, neste, do alemão Peter Schössow, toda a indignação e tristeza da personagem está escancarado. Até que ela própria consegue superar o luto. Um livro sobre saudades que mexe com a gente.

Capa do livro Selma (Foto: Divulgação)

Capa do livro Selma (Foto: Divulgação)

Selma: a ovelha tem uma lição muito importante para ensinar sobre felicidade e valorização das coisas simples. Uma história simples e linda. Da alemã Jutta Bauer, que tem outros livros incríveis pela Cosac: O Anjo da Guarda do Vovô e Mamãe Zangada.

Livro das Perguntas: na obra do poeta chileno Pablo Neruda, muitas perguntas vão despertar o imaginário infantil.

Na Noite Escura: obra-prima do italiano Bruno Munari, que convida o leitor a desvendar os mistérios na escuridão da noite escura, passeando por folhas de diferentes papéis. Um convite à imaginação e à brincadeira com os materiais.

Contos Maravilhosos Infantis e Domésticos – Os dois primeiros livros dos Irmãos Grimm, de 1812 e 1815, são apresentados aqui com os textos originais, que são bastante diferentes das versões mais açucaradas e correntes de hoje em dia, e um visual inspirado no cordel, com gravuras do pernambucano J. Borges. A proposta é semelhante em Contos da Mamãe Gansa ou Histórias do Tempo Antigo, do francês Charles Perrault (1697).

O Povo das Sardinhas, Fico à Espera, O Livro Inclinado: livros sobre os quais já falei aqui e aqui 

Aryane Cararo (Foto: Amanda Filippi)

Aryane Cararo (Foto: Amanda Filippi)

ARYANE CARARO é editora-chefe da CRESCER e apaixonada por literatura infantil. Quer escrever para ela? abcararo@edglobo.com.br.