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Por Joselia Aguiar, Para o Valor, de São Paulo — Valor


Kéfera: a maior best-seller na Bienal do Rio, em setembro, se define como "youtuber", não como escritora — Foto: Divulgação

Maior best-seller na Bienal do Rio, Kéfera Buchmann está com um segundo livro a caminho, previsto para o ano que vem. Na sua divertida descrição nas redes sociais, ainda não acrescentou nada que indique a façanha: "22 anos, atriz, 'youtuber' e dança axé quando ninguém 'tá' olhando".

Definir-se como escritora talvez não seja mesmo necessário. "Youtuber" é a expressão usada para identificar estrelas da maior plataforma de compartilhamento de vídeos da rede. Com 5, 7 milhões de seguidores ali, a curitibana com formação em teatro tem popularidade garantida no mundo dos livros não exatamente por escrever. A explosão de seu "Muito Mais Que 5inco Minutos" (Companhia das Letras) - foram vendidos mais de 230 mil exemplares - só surpreendeu quem não acompanha o que ocorre na internet. "Eles são os novos astros do rock", observa Bruno Porto, editor responsável pelos selos comerciais na editora. "Têm uma sintonia com o público jovem que, de certa maneira, estava passando batida por muitos formadores de opinião."

O livro de estreia que virou hit na Bienal do Rio nasceu de uma ideia que Porto teve no ano passado ao visitar o YouPix, festival referência do mundo digital. Conta ao Valor que ficou "impressionado" com o público que assistia a uma apresentação da moça. De volta à Companhia das Letras, investigou os números nas redes sociais. Como diz, "levou um susto". A acolhida no YouTube se repetia no Facebook, no qual tem hoje mais de 5 milhões de seguidores, no Instagram, mais de 3 milhões, no Twitter, mais 1,2 milhão.

Parece, mas esse sucesso todo não foi instantâneo. Como frisa o editor, essas novas estrelas das redes sociais "não surgiram de uma hora para outra; estão há anos gravando seus vídeos e angariando fãs". Kéfera, por exemplo, iniciou seu canal no YouTube em 2010. Fez programa de rádio, pontas em filmes, apresentação temporária na MTV, peça de teatro. Estará de novo no cinema em breve: uma adaptação do livro já começou a ser planejada.

Estouro deste ano no Brasil, os "youtubers" constituem um fenômeno que se consolidou nos Estados Unidos e na Inglaterra. "Acho bastante natural, uma vez que esses jovens consomem cada vez mais conteúdo pelo YouTube", avalia Porto. "Esse público quer ler e muito. Eles 'mandam' no mercado editorial há alguns anos. Querem títulos de qualidade que reflitam o universo onde vivem e falem sobre temas que os cativam."

A descoberta desses best-sellers em potencial passa, portanto, por visitas a eventos como YouPix, pelo acompanhamento das redes sociais e, sobretudo, pela constituição de uma equipe que também seja jovem, para avaliar o tipo alcance do autor e seu título.

Não sendo exatamente escritora, Kéfera preferiu dispensar um "ghost-writer". O editor topou. Para fazer seu livro, que reúne histórias autobiográficas com pensamentos sobre temas como relacionamento e "bullying", usou a "youtuber", o seu tom de sempre. "Vi que ela tinha uma voz pronta no texto, a mesma do vídeo. Uma voz bem-humorada e autêntica, que acho que é o que mais atrai os fãs", diz. Em termos de explosão de venda inicial, a única comparação que faz até agora é com outra autora da casa, Sylvia Day, de pornô soft. Na Bienal do Rio houve filas iniciadas desde a madrugada, gente passando mal, declarações de amor em cartazes e redes sociais, segurança reforçada.

Christian Fernandes: com 3,4 milhões de seguidores só no YouTube, ele mesmo se apresentou à editora. Já tem dois títulos na lista — Foto: Divulgação

Assim como Kéfera, a causar furor no evento carioca, Christian Figueiredo é outra estrela saída do YouTube para as listas de mais vendidos. "Sim, sou o carinha do @CANALEUFICOLOKO", diz em sua descrição no Twitter, assim mesmo com maiúsculas e grafia trocada para a palavra "louco". Catarinense que vive em São Paulo desde a infância, tem 21 anos, superior incompleto, cursos técnicos de cinema e números portentosos, ainda que inferiores aos de Kéfera: 3,4 milhões de seguidores no YouTube, 700 mil no Facebook, 1,2 milhão no Instagram, 1,7 milhão no Twitter.

Emplacou dois títulos nas listas neste ano. "Eu Fico Loko", o de estreia, em fevereiro, vendeu 170 mil exemplares, e o segundo, "Eu Fico Loko 2", lançado no mês passado, ultrapassou já os 100 mil, informa sua editora, a Nova Conceito. Carisma e maratona se combinam para o resultado das vendas. No lançamento do primeiro livro, visitou 27 cidades e reuniu média de mil pessoas por evento. Na turnê do novo, quer chegar a 31 até dezembro, alcançando mais de 5 mil pessoas. Esteve em 3 até agora: Ribeirão Preto, São Paulo e Sorocaba. Assinou contrato com uma das maiores distribuidoras de filme do mundo para contar sua vida. A produção começa a ser filmada em janeiro e será lançada em outubro de 2016.

Não foi preciso ir ao YouPix. O rapaz apresentou-se ele mesmo à Novo Conceito, que há pelo menos quatro anos chega à lista de mais vendidos com autores voltados para esse público. "Tem sido grande o crescimento de livros que se comunicam diretamente com os jovens", confirma Fernando Baracchini, CEO. Como diz, trata-se de "um público que se identifica com seus autores favoritos e tem a necessidade de devorar os lançamentos antes de todos." Isso "independentemente da crise".

O nicho está, portanto, na contramão do mercado editorial como um todo, num ano de desaquecimento - de acordo com a ferramenta BookScan, da Nielsen, que mede vendas em livrarias de todo o país, mesmo o nicho de juvenis tem apresentado queda de 5,5% neste ano e o de ficção em geral, recuo de 7,7%. "Jovens revelações e best-sellers já consagrados para esse público adolescente estão compondo o faturamento da editora de modo a fazer o processo gráfico se manter com altas tiragens", acrescenta Baracchini. Além da nova estrela, lembra que emplacaram nas listas de mais vendidos títulos como "Se Eu Ficar", de Gayle Forman, e "Simplesmente Acontece", de Cecelia Ahern, ambas autoras estrangeiras. A diferença, agora, é que estouram os nacionais.

Paula Pimenta, não sendo uma "youtuber", é uma brasileira que frequenta as listas de mais vendidos - ao menos desde 2011 - com livros voltados para esse público. Mineira que completou 40 anos, tem uma formação que passa pelos cursos de jornalismo, música e publicidade, este o concluído. Define-se no seu site como "escritora de livro cor-de-rosa".

"Têm uma sintonia com o público jovem que, de certa maneira, estava passando batida por muitos formadores de opinião", diz editor

Ao Valor, diz que sempre foi leitora do gênero, mas não imaginava que iria agradar ao público adolescente. Quando estreou, pensava que apenas as amigas iriam gostar, por se lembrar da própria adolescência, já que escreveu tendo como base situações que viveram. "Foi uma surpresa muito grande atingir os adolescentes atuais. Isso fez que eu percebesse que a adolescência é igual em qualquer geração." Já vendeu cerca de 950 mil exemplares do total de 16 livros, informa o grupo Autêntica - a conta não inclui vendas dos lançamentos mais recentes, "Fazendo Meu Filme em Quadrinhos vol. 2" e "Um Ano Inesquecível".

Ela não saiu das redes sociais, mas explica que manter o diálogo por essa via é fundamental. "O autor é a parte mais próxima que os leitores têm dos personagens que adoram. Como leitora, sei como é emocionante conhecer alguém que criou as histórias que mais gosto de ler. Já o autor, com essa proximidade, recebe o retorno imediato sobre o que estão achando dos seus livros. Tento sempre escutar a opinião dos leitores, uso isso com um termômetro para saber que caminho seguir nos próximos livros."

Num país de ainda tão poucos leitores, o que fazer para estimular a leitura? "Acho que o gosto pela leitura tem que ser criado na infância e adolescência. É muito raro uma pessoa, depois de adulta, adquirir o hábito de ler. Então, os pais e professores devem mostrar que existem muitos tipos de livros, de gêneros variados. Assim, a criança e o adolescente terão a chance de descobrir algum livro que desperte o interesse deles e a partir daí vão ter vontade de ler." Aí entraria o tal "livro cor-de-rosa". Em sua acepção, aquele que tem "emoção, encontros e desencontros, faz o leitor rir e chorar".

Investir em Paula Pimenta, hoje carro-chefe, levou a uma remodelação da editora, conta Rejane Dias, diretora-executiva da Autêntica. Por causa "do interesse do mercado por ela e por literatura juvenil", decidiram criar um segmento de literatura juvenil dentro de um selo, o Gutenberg. A experiência até então era com livros acadêmicos. Assim foram crescendo as equipes, porque o catálogo de livros "foi se tornando mais vendedor", concomitante ao crescimento da autora mineira.

Paula, "escritora de livro cor-de-rosa", como se define no seu site, não é "youtuber", mas frequenta a lista de mais vendidos pelo menos desde 2011 com livros juvenis: "A adolescência é igual em qualquer geração" — Foto: Divulgação

Seu primeiro livro é de 2008, mas só em 2011, segundo Rejane, foi iniciado um trabalho comercial mais agressivo para ela e para outros autores que estavam sendo lançados pelo catálogo da Gutenberg. Entre elas, a blogueira Bruna Vieira, Babi Dewet e Thalita Rebouças, esta uma veterana no gênero. "As quatro autoras falam para uma mesma faixa etária, mas com fãs-clubes com perfis diferentes", explica Rejane.

Mesmo em um ano ruim para o setor, ali se comemora. "Estamos crescendo", diz a diretora-executiva. "De janeiro a setembro, quase 60% nas vendas em livrarias. Isso se deve ao tônus do segmento juvenil, mas também ao maior consumo de livros de entretenimento por novos consumidores da classe C."

Entre os outros destaques estão Ariane Freitas e Jessica Grecco, autoras do canal Indiretas do Bem. Expandem-se nichos como o que chama de "feminina adulta", com romances de época e eróticos. No selo Nemo, sobressaem as "graphic novels" adultas com temas políticos, como "Pílulas Azuis", que trata do casamento entre um homem e uma pessoa soropositivo, e "O Mundo de Aisha", sobre mulheres no Iêmen.

"O que sentimos é que há inúmeras novas possibilidades no mercado, apesar da crise. O importante é calibrar esses investimentos, determinar tiragens compatíveis com o espaço que cada projeto pode conquistar no mercado. Mas é fato que o segmento que mais tem nos trazido resultados é o de livros para jovens", diz Rejane.

Em 2016, ela espera ampliar o feito. "Vamos continuar investindo com mais ousadia ainda. Há muitos projetos em andamento, com as autoras e os autores da casa e com novos autores, principalmente porque ganhamos mais visibilidade ainda nessa Bienal do Rio."

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