Painel das Letras
MARCO RODRIGO ALMEIDA (interino) marco.almeida@grupofolha.com.br
Amazon, ano 1
A Amazon completa na próxima sexta (21) um ano de vendas de livros físicos no Brasil. A entrada da maior varejista digital do mundo no mercado brasileiro dos impressos tirou o sono de editores e livreiros em 2014. Eles temiam que a empresa, a exemplo do que ocorreu nos EUA e em países da Europa, arrasasse a concorrência com sua política agressiva de descontos e promoções. Um ano depois, contudo, a avaliação é de que a varejista americana, pelo menos por enquanto, não foi o "bicho-papão" que se imaginava. Agentes do mercado calculam que a Amazon detém hoje, no máximo, 2% das vendas de livros impressos. O maior canal de venda de livros no país é a Saraiva -com mais de cem lojas físicas, ocupa por volta de 25% do mercado. Ao contrário do que também se esperava, varejistas nacionais, como o Submarino, por vezes oferecem descontos maiores do que a Amazon.
Concorrência dura
Para editores e distribuidores, a Amazon encontrou no Brasil um mercado mais difícil do que previa e uma concorrência já precavida pelos exemplos externos.
Outro empecilho apontado é que a varejista norte-americana ainda seria pouco conhecida pelos leitores brasileiros, mais habituados a compras em lojas físicas.
De toda forma, há um consenso de que a Amazon trouxe um padrão de qualidade inédito ao Brasil e obrigou a concorrência a se atualizar.
Para celebrar o primeiro aniversário, a varejista deve oferecer descontos especiais em alguns títulos. Comenta-se que a empresa irá vender em breve outros produtos -material escolar é uma aposta para o início. Procurada, a Amazon não quis se pronunciar.
SONHOS O argentino Carlos Marianidis mescla temas duros, como o trabalho infantil e a poluição, com a fantasia no livro infantojuvenil "O Vale das Utopias", que a Editora do Brasil publica no fim de setembro
A melhor defesa é o ataque
Apesar da crise geral do mercado, a Livraria Leitura resolveu apostar alto na Bienal do Livro do Rio. O grupo mineiro, em sua primeira participação no evento, ocupará um estande de 210 m². O porte médio de um espaço na bienal é de 100 m².
A livraria estima que, até o fim do ano, terá inaugurado oito novas lojas pelo país.
A Autêntica, forte no filão infantojuvenil (publica a campeã de vendas Paula Pimenta), costumeiramente o principal público das bienais, também tem planos ambiciosos.
Dobrou o tamanho de seu estande (agora são 135 m²) e o número de sessões de autógrafo (oito desta vez). A editora esperar aumentar as vendas em 120% nesta edição.
Da terrinha para Santos
A sétima edição da Tarrafa Literária levará a Santos os escritores portugueses Gonçalo Tavares e Afonso Cruz, além do espanhol Miguelanxo Prado. Tavares fará uma oficina de escrita criativa e lançará o infantil "Os Sapatos do Senhor Valéry" (Realejo Edições, que também organiza o evento).
A lista de autores brasileiros inclui Bernardo Carvalho, Milton Hatoum e Noemi Jaffe. O festival acontece entre 24 e 27 de setembro.
ALERTA As demissões na Saraiva nesta semana -por volta de dez funcionários da chefia da área comercial- foram mais um capítulo da reestruturação pela qual passa a empresa. Em fevereiro, a maior rede varejista do país já havia demitido 32 funcionários. Em junho, o grupo vendeu seu braço editorial para a Abril Educação. Distribuidores contam que as compras da companhia caíram em 15%.
TERROR NO ESPAÇO A Saraiva aposta numa combinação de arrepiar para jovens leitores. "Diário de um Zumbi do Minecraft", de Herobrine Books, acompanha a rotina de um simpático zumbi do jogo Minecraft. Já "Salsichas Galácticas", de Max Brallier, traz a jornada
do menino Cosmo e seu amigo alienígena Humphree. Este último será lançado na Bienal do Livro do Rio.